Da Agência Estado O Brasil ganhou um incômodo título: desde o ano passado, é o país com a maior dívida bruta entre os grandes emergentes.
O quadro consta do Relatório Anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) realizado com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A dívida bruta brasileira deve terminar o ano em montante equivalente a 67% do tamanho da economia, bem acima do patamar de 40% considerado “seguro” pelo BIS.
Nos últimos anos, a dívida bruta brasileira deu dois saltos.
Em 2009, ano seguinte do estouro da crise financeira, o indicador aumentou 3,4 pontos porcentuais, para 66,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mostram os dados do FMI.
Em 2012, outro pulo: 3,5 pontos, para 68,5% do PIB.
Em 2013, o número deve cair um pouco, para 67,2% do PIB, prevê o Fundo.
Mesmo com a queda, será maior que o indicador da Índia, que deve fechar o ano em 66,4%.
Economistas brasileiros afirmam que a dívida bruta tem crescido nos últimos anos especialmente pelo esforço do governo em tentar acelerar a economia, como na injeção de recursos do Tesouro Nacional no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Outro motivo foi o aumento das reservas internacionais, já que o governo precisa tomar reais emprestados para comprar os dólares do mercado.
A dívida bruta é a soma de todos os débitos do governo federal, Estados e municípios, além das estatais.
A conta não permite abatimento dos ativos do governo, como os US$ 374 bilhões que estão nas reservas - item descontado na dívida líquida.
Com o aumento da dívida bruta em 2012, o Brasil tomou da Índia o título de grande emergente com o maior endividamento bruto.
No ano passado, o indicador indiano estava em 66,8% do PIB.
Ao contrário do Brasil, a dívida bruta da Índia tem registrado forte queda: em dez anos, o montante caiu o equivalente a 17,5 pontos porcentuais.
Entre os demais emergentes, todos têm indicadores melhores: China tem dívida bruta de 21% do PIB, Indonésia possui 24%, Coreia do Sul registra 35% e México, 44%.