Com o recado das ruas desta quinta-feira, pedindo mais saúde, mais educação, menos corrupção no Brasil, é possível que a postura do governo Dilma mude e adote alguma cautela e humildade.

Não haverá mais espaço para destratar os discordantes como se fossem pessimistas a discordar do mundo cor de rosa pintado na propaganda oficial.

Já os militantes do PT, que sempre se apresentaram como os únicos seres políticos na face da terra capazes de promover diálogo popular, depois do choque de realidade, agredidos nas ruas, em São Paulo e Rio de Janeiro, obrigados a deixar de lado as suas camisas e bandeiras de propaganda partidária, espera-se que tenham apreendido uma lição.

Ninguém é dono da voz do povo.

Em tudo isto, resta comemorar que Lula não esteja mais no poder.

Se estivesse na presidência, como não tem decoro para o cargo, nem preparo, estaria a dizer, com a ajuda dos bem remunerados áulicos na rede eletrônica, que tudo não passava de um maracatu armado pela elite branca contra sua figura.

Neste caso, parabéns para Dilma.

Veja o último discurso da presidente Dilma, sobre os protestos O Brasil hoje acordou mais forte.

A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia.

A força da voz da rua e o civismo da nossa população. É bom ver tantos jovens e adultos – o neto, o pai, o avô – juntos com a bandeira do Brasil, cantando o hino nacional e dizendo com orgulho ‘eu sou brasileiro’ e defendendo um país melhor.

O Brasil tem orgulho deles.

Devemos louvar o caráter pacífico dos atos de ontem.

O caráter pacífico dos atos de ontem evidenciou também o correto tratamento dado pela Segurança Pública à livre manifestação popular, convivendo pacificamente.

Infelizmente, porém, é verdade, aconteceram atos minoritários de violência contra pessoas, contra o patrimônio público e privado, que devemos condenar e coibir com rigor.

Sabemos, governo e sociedade, que toda a violência é destrutiva, lamentável e só gera mais violência.

Não podemos aceitar jamais conviver com ela.

Isso, no entanto, não ofusca o espírito pacífico das pessoas democraticamente pedindo pelos seus direitos.

Essas vozes das ruas precisam ser ouvidas.

Elas ultrapassam, e ficou visível isso, os mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia.

Os que foram ontem às ruas deram uma mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de todas as instâncias.

Essa mensagem direta das ruas é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito à participação.

Essa mensagem direta das ruas mostra a exigência de transporte público de qualidade e a preço justo.

Essa mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário.

Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público.

Essa mensagem direta das ruas comprova o valor intrínseco da democracia, da participação dos cidadãos em busca de seus direitos.

E eu queria dizer aos senhores, a minha geração sabe o quanto isso nos custou.

Eu vi ontem um cartaz muito interessante que dizia “desculpe o transtorno, estamos mudando o país”.

Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança.

O meu governo está empenhado e comprometido com a transformação social.

A começar pela elevação de 40 milhões de pessoa à classe média, com o fim da miséria.

O meu governo, que quer ampliar o acesso à educação e à saúde, compreende que as exigências da população mudam.

Mudam quando nós mudamos também o Brasil, porque incluímos, porque elevamos a renda, porque ampliamos o acesso ao emprego, porque demos acesso a mais pessoas à educação.

Surgiram cidadãos que querem mais e que tem direito a mais.

Sim, todos nós estamos diante de novos desafios.

Quem foi ontem às ruas quer mais.

As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades.

Eu quero aqui garantir a vocês que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo.