Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Do Jornal do Commercio desta quinta-feira (20).
BRASÍLIA - O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), reagiu ontem às críticas feitas por ministros do governo Dilma Rousseff sobre o projeto chamado de “cura gay”.
O texto aprovado na comissão revoga artigos de resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que impede profissionais de oferecerem tratamentos para reverter o homossexualismo.
Primeiro, em entrevista à imprensa, e, em seguida, no microfone do plenário, o deputado ameaçou “tomar providências” se houver interferência do Executivo na tramitação do projeto na Câmara.
Feliciano citou nominalmente os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Alexandre Padilha (Saúde) e disse que se os dois estiverem falando em nome da presidente Dilma, ele irá tomar providências.
O deputado lembrou que o próximo ano é “ano político”, numa referência indireta ao peso dos evangélicos nas eleições, incluindo a eleição presidencial. “Estamos sendo achincalhados.
Quero saber se os ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Alexandre Padilha (Saúde) falam em nome da presidente Dilma.
Se estiverem falando, vamos tomar providências.
Estamos nos sentido rejeitados, agem por preconceito só porque somos evangélicos”, queixou-se Feliciano, no plenário.
Indagado sobre que tipo de providências pretendia tomar, Feliciano fez mistério: “Vou deixar todo mundo pensar (sobre as providências que disse que irá tomar), a presidente Dilma pensar, porque os ministros não pensam sobre o que falam ou fazem.
Ano que vem é ano político.
Não podem nos tratar com descaso”.
O deputado afirmou ainda que o projeto aprovado anteontem estava em outra comissão e, agora, “só porque foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos, formada majoritariamente por deputados da bancada evangélica, está sendo alvo de crítica”.
Maria do Rosário lamentou a aprovação do projeto e disse que irá “unir forças” para evitar que ele seja aprovado em outras comissões. “Este projeto estava em outra comissão, só porque foi aprovado na minha, vem essa reação. É preconceito contra a nossa fé.
Eu mandei um recado em plenário: se os ministros falam em nome do Executivo, da presidente, vamos querer mais explicações.
O jogo político é legítimo, mas se ela fala em nome da presidente, aí é perseguição com a nossa bancada.
Tudo o que a gente põe a mão é tratado com descaso, pejorativamente.” Mais cedo, em outra entrevista, Feliciano também ameaçou Maria do Rosário, dizendo que ela “estava mexendo onde não devia”.
Feliciano negou que a aprovação com o projeto na comissão anteontem tenha relação com as manifestações de rua.
Segundo ele, há dois meses a comissão estava tentando votar o projeto.
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