Caríssimo Jamildo, Permita-me uma breve apresentação: atualmente, sou pernambucano e pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Democracia pós-moderna) e vivo na Zona Sul do Euro, entre Portugal, Espanha e Itália, onde desenvolvo alguns dos meus estudos acerca de Teoria Democrática e partidos políticos.
Neste momento, estou no Recife, visitando a família e fiquei entusiasmado com a demonstração de cultura cívica por parte dos brasileiros nos últimos dias.
Digo entusiasmado, pois, estas demonstrações em nada confirmam certa literatura “pessimista” a dar conta de uma apatia participativa em nosso país.
Ademais, pude perceber, por parte da mídia nacional um desnorteamento para com os acontecimentos, sobretudo, no tocante à agenda desses movimentos.
En passant, posso dizer-lhe que há muita simetria entre os movimentos civis que acometem o Sul Europeu, com destaque para a Espanha, onde, os Indignados ou o chamado Movimento 15M vem há muito reverberando os descontentamentos acerca das políticas de austeridade que assolam a Zona Euro. É sempre bom lembrar que o Movimento Occupy Wall Street, a Primavera Árabe, o 15M e o até então, Movimento Passe Livre, apesar dos contextos diferenciados, possuem uma agenda “oculta” convergente: a crítica ao procedimentalismo dos regimes democrático-representativos.
Evidentemente que dito desta forma, ou seja, resumidamente, tudo parece difuso e nada esclarecedor.
Portanto, sabedor do vosso compromisso para com a Democracia informativa, haja vista, acompanhar vosso blog e considerá-lo uma ferramenta prima facie com a qual acompanho as notícias da minha terra natal, decidi enviar-lhe um texto um reflexivo-explicativo (sobre as manifestações recentes e comunicantes com outros movimentos mundo afora), feito em maio deste ano, durante minha visita à Madrid e no esteio dos protestos mais recentes na Europa.
Tinha a intenção de publicar este texto num periódico espanhol chamado Tinta Libre.
Entretanto, nada mais prazeroso para mim, do que publicá-lo num virtual space pernambucano.
Abraços democráticos.
Evandro Martins Neto