A iniciativa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de propor a flexibilização do teste a que são submetidos os médicos estrangeiros que pretendem trabalhar no Brasil – conhecido como Revalida – terá dura oposição por parte dos 40 candidatos da Chapa 1 ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).

Primeira chapa inscrita para a eleição, marcada para setembro, o grupo está disposto a levar a briga com Padilha às últimas consequências, unindo forças com o Conselho Federal de Medicina e outras entidades médicas do País que se opõem à medida.

A flexibilização – ou mesmo a extinção do teste – na avaliação do médico Sílvio Rodrigues, integrante da Chapa 1 e um dos atuais diretores do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), dificultaria muito o mercado para os novos profissionais brasileiros. “Além disso, nossa preocupação é com a queda do nível de qualidade no atendimento, já que 90% dos profissionais estrangeiros que vem tentando se capacitar para o mercado no País têm sido reprovados, por obter uma média bem abaixo do aceitável nos exames do Revalida”, afirma.

A maioria desses profissionais vem de países da América Latina onde, segundo o médico, o ensino da medicina tem um nível bem inferior ao aplicado no Brasil.

De acordo com Sílvio Rodrigues, a ampla maioria dos médicos pernambucanos é favorável à ratificação do Revalida mantendo o atual grau de dificuldade do teste. “Não é válido o argumento do ministro de que não há profissionais suficientes para atender à população.

O que há é uma concentração imensa de médicos nas capitais e grandes cidades do País, deixando o interior desguarnecido.

A solução para isso é a criação da carreira de Estado para os médicos, com um salário atrativo que permita a interiorização da mão de obra.

Mas falta vontade política do poder público para fazer”, acrescenta.

Rodrigues está preocupado, inclusive, com a crise que se instalou no setor de pediatria do Hospital das Clínicas (HC), exatamente por causa da falta de médicos para atender à demanda.

E ressalta que, se flexibilizado o Revalida, o governo poderia vir a sugerir a contratação de profissionais estrangeiros, em detrimento da convocação de brasileiros já aprovados em concursos públicos ou mesmo da abertura de novos concursos.

Esta semana, a Chapa 1 fará o lançamento oficial das suas propostas, do seu site e das páginas nas redes sociais, e começa a percorrer o Estado participando de debates e ouvindo a classe médica.

Além de Sílvio Rodrigues, o grupo tem, entre seus integrantes, nomes de peso da medicina pernambucana, como Ênio Cantarelli, André Dubeux, Mário Lins e a atual presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão.