Foto: Guga Mattos/JC Imagem Do JC Online Depois de uma noite tumultuada nos locais de acesso à Arena Pernambuco, o secretário-extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, comentou os problemas de mobilidade que viraram dor de cabeça para quem foi à Arena Pernambuco, na tarde/noite deste domingo, acompanhar a partida entre Espanha e Uruguai.

Milhares de torcedores reclamaram da confusão para chegar e, sobretudo, sair do estádio e voltar para casa.

CBTU argumenta que lotação do metrô foi causada por falta de sincronismo dos ônibus Em entrevista ao jornalista Mário Neto, da Rádio JC/CBN nesta segunda-feira (17), Leitão eximiu o Governo do Estado da responsabilidade sobre o transporte público e disse que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) é quem coordena a operação do metrô, principal meio de transporte à Arena.

Ele ainda culpou a Fifa pela pouca capacidade do estacionamento do estádio.

O secretário garantiu que vai solicitar melhorias à CBTU para os próximos jogos da Copa das Confederações.

Por diversas vezes, demonstrou irritação com as perguntas feitas pelo jornalista. “Você vai deixar terminar meu raciocínio?

Obrigado”, disse, uma das vezes. “A operação da estação Cosme e Damião é de responsabilidade exclusiva da CBTU, que é do Governo Federal.

Se houve falha na operação, vamos solicitar que a Companhia apresente melhorias.

E, diante das reclamações que recebemos, percebemos que falhas ocorreram”, disparou Leitão.

O secretário também garantiu que vai cobrar do Grande Recife Consórcio de Transportes melhor operacionalização dos ônibus que fazem o trajeto entre a Estação Cosme e Damião e a Arena.

Mesmo colocando a culpa dos problemas de acesso à Arena na CBTU, o secretário reconheceu que o Governo do Estado elaborou o plano de mobilidade para a Copa das Confederações em parceria com o Executivo.

Com apenas 2 mil vagas disponíveis no estacionamento da Arena Pernambuco, a administração estadual incentivou fortemente o uso do transporte público.

Mas os metrôs e ônibus disponíveis para fazer o percurso até a Arena não deram conta do grande contingente de torcedores - quase 42 mil pessoas foram à partida do último domingo.

Os vagões de metrô partiram lotados desde as 14h - cinco horas antes do início dos jogos.

Ao descer na Estação Cosme e Damião, a mais próxima ao estádio, os torcedores se depararam com uma saída estreita e acabaram aglomerados na estação.

Depois de conseguir sair do metrô, ainda era preciso pegar um ônibus para chegar à Arena.

Os expressos saiam com um intervalo pequeno, mesmo assim estavam sempre lotados.

Na volta, foi tudo pior.

Com quase 40 mil pessoas saindo do estádio ao mesmo tempo, houve longas filas para chegar à àrea de embarque dos ônibus.

Na hora de entrar, as pessoas se empurravam, sem respeitar nem crianças e idosos.

Os coletivos saíram com mais usuários do que podiam transportar e ainda provocaram congestionamento no caminho para o metrô.

Parados por quase 10 minutos em uma ladeira, alguns ônibus chegaram até a quebrar.

Bastante irritado com as perguntas dos repórteres Mário Neto e Maciel Júnior, Leitão tentou desviar o tema da conversa para a segurança em torno da Arena. “O que queremos e atingimos era que as pessoas chegassem na Arena a tempo de ver o jogo, com conforto e segurança.

Por isso pedimos que elas saíssem de casa com antecedência”, alegou.

Quando lembrado sobre a confusão e o desconforto no transporte público, ele levantou a voz e pediu para falar sem ser interrompido: “Posso concluir?

Obrigado.

Elas chegaram em tempo e segurança.

Não houve registros de roubos, agressões, nem homicídio.

O esquema de segurança funcionou bem e nós vamos mantê-lo”, garantiu.

Mesmo assim, muitos torcedores reclamaram da falta de policiamento na organização das filas de entrada aos ônibus que levavam ao metrô.

Sobre a pouca disponilidade de vagas no estacionamento da Arena, Leitão afirmou que a maior parte do espaço destinado a carros no estádio foi ocupado pelas instalações da Fifa. “Quando a Arena receber jogos do Náutico, o estacionamento será liberado e as pessoas poderão parar a 200 metros do estádio.

A operação da Copa é diferente da que será adotada posteriormente.

Isso porque a Fifa solicitou uma área de 20 mil metros quadrados, que ocupa os estacionamentos”, explicou.

O secretário ainda falou que o governo está aberto a sugestões de locais em que possam ser construídas vagas alternativas para a Copa. “Se alguém identificar nas proximidades da Arena um terreno em que o Governo do Estado possa instalar um estacionamento, nós agradecemos.

Se recebermos essa informação, vamos construir um estacionamento alternativo”, garantiu.

Além disso, Leitão afirmou que o tráfego de veículos na BR-408, que dá acesso à Arena, não pode ser liberado na Copa porque a rodovia está sendo utilizada pela Fifa. É por lá que chegam as delegações, os voluntários, os árbitros, os convidados especiais e os profissionais de imprensa. “A rodovia só conta com duas faixas.

Poderíamos liberar uma delas para veículos comuns, táxis ou ônibus, mas corremos o risco de provocar uma grande retenção”.

Por conta dessa dificuldade, o secretário voltou a incentivar que os torcedores utilizem o sistema de transporte público nos próximos jogos da Copa na Arena Pernambuco.

Ele ressaltou que os portões do estádio são abertos com três horas de antecedência, por isso as pessoas podem sair cedo de casa para não lotar o metrô.

Na próxima quarta-feira (19), a Arena será aberta até mais cedo.

Na ocasião, o estádio vai sediar a partida entre Itália e Japão, às 19h.

Antes disso, os torcedores poderão acompanhar o jogo do Brasil contra o México nos telões do estádio às 15h.

DENTRO DA ARENA - As críticas de quem foi à Arena Pernambuco assistir ao jogo entre Espanha e Uruguai no último domingo não param na mobilidade.

Dentro do estádio, os torcedores se depararam com grandes filas, poucos caixas e até pouca comida nas lanchonetes.

Depois de passar mais de meia hora para serem atendidas, muitas pessoas não conseguiram comprar nada e saíram do jogo com fome, já que boa parte dos lanches acabou antes do fim da partida.

Outra reclamação foi o preço dos produtos.

Cachorro-quente custava R$ 8,00, batata frita e chocalate R$ 7,00, refrigerante R$ 6,00 e cervejas variavam entre R$ 9,00 e R$ 12,00.

Questionado sobre os problemas de alimentação, Leitão voltou a eximir o Governo do Estado dos problemas.

Ele afirmou que a Fifa é responsável por toda a operação no interior da Arena. “A Fifa opera a Arena desde o dia 24 de maio e a concessão se estende até o dia 28 de junho.

Nesse período, a instituição é responsável por tudo, desde a transmissão da partida para o resto do mundo até a colocação de papel higiênico nos banheiros.

O problema das lanchonetes foi um erro da operação interna”, alegou.

O secretário garantiu que o Governo do Estado apresentou as reclamações à Fifa e vai analisar os resultados da partida para pedir melhorias. “Claro que nós reclamamos e pedimos informações oficiais para ver o que realmente aconteceu.

Vamos cobrar que a operação seja cada vez melhor”, declarou, bastante irritado.