Fizemos um estádio de primeiro mundo.

Agora falta fazer cidades no entorno Por Daniel Coelho, deputado estadual pelo PSDB e líder da oposição na Assembleia Legislativa Dez entre dez políticos têm dito que o mais importante em relação às copas do mundo e das confederações não está ligado aos poucos dias de evento e sim ao legado que ficará para nossa população.

Todos concordaram durante meses que a prioridade era resolver a questão da mobilidade.

No nosso caso, aqui em Pernambuco, podemos fazer algumas avaliações após o primeiro jogo da Copa das Confederações, realizado neste domingo.

A primeira é positiva: o estádio ficou muito bonito, em padrões internacionais de conforto e em condições para os atletas realizarem bons espetáculos.

Com exceção do caos completo na tentativa de comprar uma água mineral ou qualquer outro produto nas lanchonetes, o que foi impossível devido às filas quilométricas, dentro do estádio tudo ocorreu bem.

Esse problema pode ser resolvido com a contratação de um número descente de funcionários, já que no domingo pude observar três esforçados atendentes tentando dar conta de milhares de consumidores indignados com a demora.

Dez vezes mais, uns 30, talvez dessem conta.

O mais grave, que infelizmente não é resolvido tão fácil assim, é a mobilidade – ou falta dela – na Região Metropolitana do Recife.

Fiquei triste ao escutar de muitos torcedores, nas longas filas dos ônibus e metrô, que nunca mais voltariam ao estádio.

Com as filas de ontem para conseguir sair do estádio ficou claro que realmente algo está errado.

A primeira prova do fracasso pernambucano na mobilidade está na necessidade de se estabelecer ponto facultativo nos dias de jogos, como vai acontecer quarta-feira, quando vão jogar Itália e Japão.

Ou seja: é necessário que as cidades parem, Recife, Olinda e Jaboatão, para que as seleções joguem em São Lourenço da Mata.

Se olharmos de alguns anos atrás, quando começaram as promessas de intervenções de mobilidade para a Copa, até hoje, fica claro uma coisa: a situação não melhorou em nada – na verdade, piorou bastante.

Parecem piada alguns folhetos distribuídos aos turistas no domingo, aconselhando-os a pegar um ônibus até uma estação de metrô, para depois pegar um trem e, saindo do trem, pegar outro ônibus.

Imaginem: pegar dois ônibus e um trem, todos lotados e quentes, para assistir um jogo.

O pior não é o sofrimento desses dias, mas perceber que nosso povo passará por isso para frequentar a belíssima arena.

Uma pena.

Fizeram um belo estádio, parabéns por isso.

Agora falta construírem cidades no entorno.

Ninguém consegue chegar nele com tranquilidade.

Infelizmente, o legado que está aí é de uma cidade engarrafada e complicada, onde o transporte público é insuficiente e de má qualidade, e as vias estão saturadas sem espaço para carros, motos e ônibus.

Estacionamentos são raridades.

Ou seja: a bomba ficou para os pernambucanos, que pagarão pela manutenção do estádio e ficarão, de quebra, com uma cidade com um dos piores trânsitos do mundo para viver.