Foto: Michele Souza/JC Imagem Cinco anos após deixar a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes em meio a uma série de denúncias, o ex-deputado Newton Carneiro, 88 anos, planeja voltar a ter um mandato político.

O alvo é a eleição do próximo ano, na qual promete, “se estiver vivo”, sair candidato a deputado estadual.

Filiado ao PP, ele diz que pretende ajudar o deputado federal Eduardo da Fonte (PP) a se reeleger ou conquistar uma cadeira no Senado.

Para concretizar a candidatura, entretanto, provavelmente Newton Carneiro precisará recorrer à Justiça.

Isto porque ele integra a lista de políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa, divulgada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) em julho do ano passado.

O progressista já ocupou, por oito vezes, uma candidatura na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), duas na Câmara do Recife e por dois mandatos foi prefeito de Jaboatão dos Guararapes (1996-1999 e 2004-2007).

Em 2008, tentou a reeleição, mas ficou em terceiro lugar.

Dois anos depois, entrou no certame novamente para a Assembleia, mas também perdeu.

Do tempo em que possuiu mandatos, Newton é lembrado pelas histórias pitorescas.

Ele já lotou o pátio da Alepe de caixões, episódio que o fez estampar os jornais.

Era 1991.

Ele comprou cerca de 400 ataúdes e chegaram todos de uma vez só, sem aviso, segundo ele.

O material teve que ser descarregado no pátio da Assembleia, causando a fúria do então presidente da Casa, Clodoaldo Torres.

Ele contabiliza que já fez 11 mil sepultamentos.

Em outro episódio, andou de charrete pela cidade expondo um cartaz com os dizeres: “Faça como o deputado Nilton (sic) Carneiro.

Não use gasolina cara do Seu Delfim… que vai subir mais ainda”.

O tempo sem mandato não o afastou da política.

Ele diz que ainda conversa com lideranças e gosta de opinar.

Escreveu uma carta para o governador Eduardo Campos (PSB) aconselhando-o a deixar o plano de disputar a Presidência. “Eu acho que ele devia entrar em um entendimento com a presidente Dilma e Lula para ser vice agora e se candidatar a presidente em 2018, com o apoio do PT.

Dos 27 Estados brasileiros, ele é o caçula”, analisa. “O Rio, São Paulo e Minas Gerais superam o número de eleitores nordestinos”.

Este ano, Newton foi recebido pelo secretário de Governo do Recife, Sileno Guedes, para pedir obras em Brasília Teimosa e Pina - bairro onde reside.

Aliás, o ex-prefeito gosta de lembrar da sua participação na criação do bairro de Brasília Teimosa.

Ele relata que comprou um terreno para alojar pessoas que não tinham moradia. “Num dia, as pessoas construíam as casas e, no outro, a polícia vinha e derrubava, até que conseguimos o terreno para eles.

O nome Brasília foi uma homenagem à capital brasileira.

Como os moradores insistiam em construir as casas, ficou ‘Brasília Teimosa’”, conta.

Além do Recife, ele lista que já fez vilas em Paudalho, Palmares, Cabo e Gravatá.

Planeja fazer uma nova no município da Mata Sul – sua cidade natal –, já que ela ainda não conseguiu se reestruturar completamente após as enchentes de 2010 e 2011. “Eu não podia nem trabalhar de gente em cima de mim querendo moradia”, lembra.

Newton tinha uma rede de farmácia, da qual se desfez.

Hoje, recebe aposentadoria do extinto Fundo Especial de Previdência Parlamentar (Feppa).

Para a campanha de 2014, ele planeja usar a mesma estratégia dos outros anos: um perfil popular. “Estou notando que está faltando deputado para ajudar os pobres”, sublinha.

Newton – que ainda usa a gravata com a imagem de Jesus e evita demonstrar ostentação – diz que se disponibilizará para dar emprego e moradia, além de fazer enterros.

O ex-prefeito acredita que tem vocação para político. “O caso de Brasília Teimosa é um dos exemplos.

Como um comerciante farmacêutico saia de sua casa e ia marcar terreno com o povo?”.