Por Fernando Rodrigues Mesmo o leitor que não acompanha a política de forma quase obsessiva como eu já terá topado com argumentos contrários à campanha eleitoral antecipada: “Não é bom para o Brasil” e “Esses políticos fariam melhor se trabalhassem um pouco e deixassem para cuidar da eleição só em 2014”.
Nesta semana, recebi um comunicado da Rede, o novo partido em formação.
O texto comenta com alegria a pesquisa Datafolha, na qual Marina Silva aparece numericamente em segundo lugar.
O parágrafo final, em plural majestático, diz o seguinte: “Não consideramos oportuna ou benéfica para o país qualquer antecipação da disputa eleitoral de 2014.
Somente após o cumprimento de todas as etapas de sua constituição, a Rede irá avaliar a oportunidade e a conveniência de uma candidatura nas eleições presidenciais”.
Quero deixar registrado que sou totalmente favorável à campanha eleitoral eterna, antecipada, sem trégua, o tempo todo.
Por um único e exclusivo motivo: não existe um político no planeta Terra que não esteja sempre em campanha, a cada minuto.
O que alguns fazem é tergiversar, como no comunicado da Rede.
Alguém acredita que Marina Silva não esteja em campanha eleitoral?
Claro que está.
Assim como Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos.
Mas, como a política é uma atividade vilipendiada pelos próprios políticos, eles preferem fingir.
Em certa medida, essa atitude melíflua dos políticos é reflexo do atraso institucional do Brasil e das regras obsoletas para partidos e eleições.
Hoje, um prefeito ou governador cometerá uma infração eleitoral se ousar postar algo assim no Twitter: “No ano que vem, vote em mim”.
A lei só permite tal tipo de manifestação a partir de julho de 2014.
Esse infantilismo político diz muito do nível dos governantes.
O pior de tudo é que os políticos se acomodam e acham boas essas regras surreais.
E fingem que não fazem campanha.