A Central Única de Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), através da Juventude da CUT, criticou, em carta enviada ao Blog nesta terça-feira (11), o polêmico tema da internação compulsória de usuários de drogas.
No Recife, o debate opôs as lideranças políticas de raízes evangélicas e universidade com órgãos de classe (tanto da Saúde quanto de Assitência Social).
A legislação atual já abre espaço para a internação compulsória de viciados.
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Estamos acompanhando nesse período estados e municípios criando leis que autorizam a internação compulsória de usuários de drogas.
Nós da Juventude da CUT-PE, somos contrários esse tipo de tratamento, pois experiências mostram que a internação compulsória não resolve, pois, obrigar o internamento do individuo, passando por cima de um fator fundamental para o tratamento que é o convencimento do mesmo.
Acreditamos que o papel do Estado seja o de buscar alternativas que levem a melhor compreensão e abordagem das pessoas que fazem o uso de drogas.
A Internação Compulsória inverte esta lógica, invés de um tratamento de forma humanizada para livrar o usuário da dependência ele obriga o tratamento imposto pelo poder publico.
Não existe nada de humanizado na proposta de internação compulsória, pois o Usuário, não escolhe o tipo do tratamento, as condições que ele vai passar, e o tempo que vai se submeter a esse tratamento.
Mas, a forma de defesa disfarçada para justificar o Projeto de Lei se dá através da Mídia que usa seu poder de influência para vendê-lo a sociedade de maneira mentirosa, tendo em vista que não trata a questão como de Saúde Publica e sim como criminosos.
Vemos que o que está por trás dessas ações como Internação Compulsória, Redução da Maioridade Penal, Criminalização dos Movimentos Sociais, ataques a programas sociais do governo federal, homofobia e machismo, dentre outras ações estão ligadas a um processo de “higienização social” de áreas de nossas cidades; principalmente onde vão acontecer grandes eventos como Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Um verdadeiro ataque aos direitos humanos.
Nesse sentido, é importante salientarmos que a internação compulsória faz parte da estratégia de criminalização da pobreza, que não enfrenta as reais causas dos problemas relacionados ao abuso de drogas, como problemas econômicos e sociais, desajustes familiares, entre outros.
Entendemos que esta medida vai aumentar ainda mais os problemas das pessoas que fazem uso abusivo de drogas, agregando aos problemas que elas já têm: o isolamento e o estigma sociais.
A juventude pobre e negra será certamente a maior vítima desta medida.
Além disso, existem intenções camufladas de desestruturação do SUS ( Sistema Único de Saúde.
Pois o interesse das comunidades terapêuticas, de caráter religioso, defensoras da Internação Compulsória e que são instituições privadas - em sua maioria com precárias condições de higiene e com métodos, no mínimo, questionáveis de tratamento.
Locais onde o usuário é visto como mais um número, uma fonte de renda – e por isso torna-se mais interessante ser mantido internado a receber alta, é exclusivamente o lucro.
No entanto, o que precisamos são de políticas que sejam construídas de forma setorial e articulada que possibilite a descentralizações das ações e, principalmente, que estabeleçam parcerias com a comunidade cientifica e as organizações sociais, para que s possamos construir um diagnóstico situacional, sobre o consumo de drogas, seu impacto nos diversos domínios da vida da população e as alternativas existentes.
Este diagnóstico vem se consolidando, por meio de estudos e pesquisas de abrangência nacional, na população geral e naquelas específicas que vivem sob maior vulnerabilidade para o consumo e o tráfico de drogas.
Outro ponto importante é a capacitação dos atores sociais que trabalham diretamente com o tema drogas, e também de multiplicadores de informações de prevenção, tratamento e reinserção social.
Esse esforço tem permitido a formação e a articulação de uma ampla rede de proteção social, formada por conselheiros municipais, educadores, profissionais das áreas de saúde, de segurança pública, entre outros.
Esse sim seria o papel da Política sobre Drogas, uma verdadeira política de redução de danos.
Paulo de Souza Bezerra- Secretário de Juventude CUT/PE e Coordenador Pedagógico da Escola NE da CUT.