Por Michael Zaidan O professor Marco Mondaini, da Pós-graduação de Direitos Humanos (UFPE), me escreveu falando da atmosfera política “asfixiante” que domina o estado de Pernambuco.
Segundo ele, regridimos de Gramsci a Althusser, ou seja, dos aparelhos privados de hegemonia para os aparelhos ideológicos de estado.
Só conseguiu publicar sua análise sobre o “neo-socialismo” do governador no portal da Carta Maior.
Ainda bem!
Depois que o nosso mandatário se tornar presidente da República, nem nesse portal ele vai poder publicar nada.
Mas o alerta do professor Mondaini é que o arremedo de nossa sociedade civil foi inteiramente absorvida pelo Estado, com o consentimento tácito dos atores (incluindo aí a mídia) da própria sociedade civil. É a servidão voluntária, de que fala La Boetie.
Num estado, onde prevalece uma política do amigo e do inimigo seria demais esperar um movimento político organizado de resistência ao rolo compressor do Palácio das Princesas.
Enquanto a famosa Copa das Confederações não passar, ninguém vai prestar atenção aos imensos buracos submersos dessa administração.
Mesmo com os carros caindo nesses buracos, as estações de metro alagadas, a dificuldade de acesso à tal “arena” de Pernambuco, os graves problemas de mobilidade na cidade, sobretudo em dias de chuva….Pior é usar uma empresa calamitosa como a COMPESA para fazer propaganda da gestão.
Exatamente a empresa responsável pelos inúmeros buracos, tubulações rompidas, asfalto liquifeito etc.
Como é possível transformar uma anti-empresa desta em modelo de eficiência de prestação de serviço ao cidadão?
Enquanto isso, o “príncipe” sequer consegue unir o seu próprio partido em torno de sua candidatura.
Não consegue convencer o seu ministro da viabilidade política de seu nome, nem dissuadir o senador petebista de buscar o apoio do PT para disputar o governo de Pernambuco.
Seria o caso de perguntar se um político que mal consegue persuadir seus comandados a lhe prestarem apoio, pode amealhar o apoio de outros partidos e coligações.
Deveria ele saber que o mesmo método que utiliza - na falta da hegemonia propriamente dita - para cooptar, seduzir, arrastar é o que o governo federal fará, com muito mais poder de fogo, para ganhar as eleições do ano vindouro.
Não haverá, certamente, uma disputa de hegemonia, de idéias, projetos ou coisas assim.
A disputa será de força, de recursos, de cargos, indicações e benesses.
E aí, quem ganha?
Não sabe o professor Modaini que o baixo grau de socialização política, num ambiente político secularmente polarizado como o nosso, os argumentos são dois: a força e o aliciamento.
Não há espaço para disputas saudáveis de idéias generosas em prol do bem público.
O debate será substituído pela pirotecnia dos publicitários, os sofismas dos marqueteiros de plantão, das falsas estatísticas, e da exposição de modelos mirabolantes das avenidas do futuro. É um luxo pedir a esse tipo de políticos que arregace as mangas para demonstrar pelo empenho, a capacidade, o denodo e a dedicação demonstrados durante a gestão, que merecem a confiança do eleitor.
Não.
Basta o clima de ufanismo ocasional dos eventos preparados para este ano e o próximo, e tudo se arruma, tudo se arranja, se a cidade não afundar numa enorme cratera moral submersa pelas chuvas.