Brasil, uma onda Por Eliane Cantanhêde, na Folha de São Paulo Este filme a gente já viu.

No começo do ano, o ministro Guido Mantega estufa o peito e promete um pibão.

No meio do ano, o mesmo Mantega diz que não é bem assim e revisa para baixo.

No fim do ano, o mesmíssimo Mantega se conforma com um pibinho de dar dó.

O PIB deste ano seria de 4,5%, caiu para 3,5% e a nova previsão será abaixo disso, depois do banho de água fria de ontem, quando foi anunciado um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2012.

Planalto e mercado esperavam 0,9%.

Quem está segurando o crescimento positivo é justamente a agricultura, que aumentou 9,7% e compensou mais uma queda da indústria e o recuo no ritmo do consumo das famílias, muito provavelmente por causa da inflação.

Preços mais altos, menos compras, certo? É assim que a tão badalada economia brasileira vai perdendo o encanto, com PIB baixo, inflação no teto, juros em alta (apesar de toda a propaganda) e, agora, o dólar disparando, a balança comercial dando uma má notícia atrás da outra e nada de respostas na área fiscal.

Aquela onda de Brasil grande parece ir morrendo na praia, enquanto a imprensa internacional vê o país sob Dilma Rousseff como imprevisível, sem rumo, movido com um viés intervencionista.

E continua sem avançar nas reformas estruturais.

Pode-se acrescentar a isso uma novidade de 2013: a toda hora o Planalto bate de frente com o Congresso, onde tem uma base aliada gigantesca, mas, pelo visto, nada fiel.

Aprovar a MP dos Portos já foi um inferno.

Agora, o jeito foi incluir um “caco” na MP da Cesta Básica para cumprir a promessa de baixar a conta de luz.

Uma promessa, lembre-se, feita em rede nacional de TV, com requinte de campanha eleitoral.

No caso do PIB, a culpa é do Mantega.

No das MPs, da Ideli.

No do Bolsa Família, da Caixa.

Mas todos eles têm chefe.

Ou seria “chefa”?