Famílias despejadas à espera de moradia Por João Carvalho No Jornal do Commercio desta terça-feira Os desenhos colados na principal parede do Ginásio Municipal de Ipojuca, Grande Recife, resumem do apelo feito por 28 famílias que vivem no local.
Denominado mural dos sonhos, o espaço foi decorado com papéis que expressam a esperança das crianças que residem no espaço improvisado.
Todos revelaram o desejo de voltar a ter uma casa.
As famílias estão desabrigadas há dois meses, depois ter sido retiradas de um terreno de 103 hectares, pertencente ao governo do Estado, na Praia de Porto de Galinhas, batizado de Vila do Campo.
Enquanto os despejados esperam alguma solução do poder público, na quadra coberta o sentimento é unânime: todos afirmam que foram esquecidos.
A desocupação aconteceu no dia 19 de março.
A reintegração de posse terminou em muita confusão e na derrubada de 156 casas da comunidade, construída às margens da estrada que liga Porto de Galinhas a Maracaípe.
A ordem foi assinada pelo juiz da Vara da Fazenda de Ipojuca, Haroldo Carneiro Leão Sobrinho.
Os moradores protestaram e tentaram impedir a ação dos policiais, mas não conseguiram.
No dia da operação, quem não tinha para onde ir foi transferido para o ginásio de Ipojuca.
Muitos continuam no local, porque estão sem emprego e sem um lugar para se abrigar. É o caso de Mônica dos Santos Lima, de 38.
Há 13 anos, ela morava na Vila do Campo com os cinco filhos, entre 5 e 21 anos. “Nos tiraram de lá mas não se preocuparam em saber para onde nos mandar.
Agora, vivo aqui, nesse espaço improvisado.
Esperando a boa vontade de alguém que possa nos ajudar”, disse.
A estrutura do ginásio é precária.
O lugar apresenta vazamentos na cobertura e em dias de chuva a água invade o espaço.
Outro problema é a falta falta de água nos dois únicos banheiros. “Uma das crianças, que chegou aqui recém-nascida, teve que ir embora.
Começou a ficar cansada e a gripe virou uma pneumonia”, afirmou o ambulante Eduardo André.
A Prefeitura de Ipojuca ajuda com a oferta de caminhões-pipa.
A água é usada para cozinhar, beber e tomar banho.
No terreno de onde foram retiradas as famílias, sobraram apenas destroços das casas e o silêncio.
Nada mudou e nem houve a colocação de cercas ou qualquer tipo de ação para impedir novas ocupações.
A Prefeitura de Ipojuca informou que cedeu o ginásio para que as famílias possam ficar até terem um lugar para onde ir.
A Companhia de Habitação de Pernambuco (Cehab) informou que não tem responsabilidade sobre as pessoas que estão morando no local.