Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB, especial para o Blog de Jamildo O ministro Joaquim Barbosa deixou perplexos alguns expoentes do Congresso Nacional ao criticar esta semana a extrema subserviência do Poder Legislativo ao Poder Executivo e a desorganização do sistema partidário.

Qualquer político oriundo de um país onde o sistema político funciona a contento ficaria estarrecido se conhecesse, por dentro, a realidade política brasileira e se aprofundasse mais suas análises a respeito das verdades, embora incômodas, expostas por Barbosa.

Nada do que disse o ministro é mentira.

Alguém pode até criticá-lo por ter, como chefe de um dos poderes, falado mais do que devia, podendo provocar atritos indesejáveis, mas, se o Congresso não faz uma autocrítica e não corrige os desacertos que estão à vista de todos, em determinado momento alguém, com autoridade, teria que se pronunciar, e o ministro, de forma impropria ou não, falou pela boca do povo.

Não vai conseguir fugir de petardos ou de cobranças também, como é o caso da morosidade da justiça que, da mesma forma, está cansando os brasileiros, mas os congressistas deveriam, ao invés de criticar Barbosa, tentar resolver o problema, corrigindo as falhas do sistema político e eleitoral que tem levado a classe ao descrédito e a estar sujeita a críticas contundentes, como as que foram feitas.

Em primeiro lugar, não é mais possível conviver com mais de 30 partidos quando pouco mais de meia dúzia têm programas, projetos e princípios a seguir.

Da mesma forma, o toma-lá-dá-cá e a desavergonhada utilização do estado para manutenção do poder - desordem implantada pelo PT desde o primeiro mandato de Lula - provocou um adesismo desenfreado no Congresso Nacional que impede discussões de projetos naturais ao sistema democrático, submetendo o país a centenas de MPs (Medidas Provisórias) que o Executivo impõe ao legislativo e este, por conveniência, engole sem pestanejar.

Nem os políticos estão satisfeitos com isso.

Não seria exagero concluir que pelo menos metade de cada dez senadores, deputados, vereadores, reclamam, entre si, do estado de coisas, mas não conseguem ou não vêm saída para fazer o mastodonte caminhar.

E vão se mantendo omissos.

O ministro Joaquim Barbosa incomodou muito mais por ter colocado o dedo na ferida que poucos têm interesse de enxergar do que por ter passado por cima da necessária neutralidade entre os poderes.

E não falou contra o Congresso, como alguns chegaram a interpretar.

Antes disso, o ministro agiu em defesa da instituição que não pode ser maculada em seus princípios e na sua obrigação de legislar porque, momentaneamente, está entregue a pessoas inadequadas ou submetida a um grupo político interessado em se manter no poder.

A atividade dos legisladores brasileiros claudica cada dia mais, o que é péssimo para a democracia.

Hoje, além de não tomarem a iniciativa de apresentar e aprovar projetos de lei que corrijam as enormes distorções do sistema político, parlamentares não só começam a ser desconsiderados pela população como pelo próprio executivo.

Esta semana, na festa de inauguração da Arena Pernambuco, com a participação da presidente Dilma e do governador Eduardo Campos, deputados estaduais governistas foram convidados a se retirar do recinto onde estavam a presidente e o governador sob a alegação de que não tinham sido credenciados para tal.

Se o executivo já começa a excluir o legislativo dos “seus ambientes” podemos estar caminhando para uma ditadura.

Para uma democracia, seguramente, é que não é.

CURTAS Mosca Azul – Não é só o ex-ministro Ciro Gomes que acha que o governador Eduardo Campos foi “mordido pela mosca azul”.

O ministro Fernando Bezerra Coelho anda dizendo o mesmo a inúmeros interlocutores.

Educação – O Tribunal de Contas, que, há 15 dias, já tinha suspendido um processo licitatório na Secretaria da Educação do estado de Pernambuco por suspeita de superfaturamento, anulou uma licitação já feita esta semana pela mesma secretaria, alegando que ficou claro o favorecimento ao grupo vencedor.

Vai e vem - Os deputados estaduais, que iniciaram a semana quase convencidos de que o governador Eduardo Campos desistira de disputar a presidência em 2014, terminaram se convencendo do contrário esta quinta-feira após ouvir seu pronunciamento no encontro da Unale.