Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem Por Sérgio Goiana, coordenador-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco (Sindsep-PE) e diretor financeiro da CUT-PE Mais uma vez o tema da mobilidade urbana está sendo tratado na esfera municipal.

Junto com a Câmara, a Prefeitura do Recife vem discutindo este tema de debate que envolve, evidentemente, não só a esfera municipal, como o Estado e o próprio Governo Federal.

Dentro do que esta sendo posto nesta discussão nos poderes Executivo e Legislativo do Recife, está surgindo a ideia de um rodízio.

Na verdade, estão utilizando um outro termo: restrição.

Entendemos que, mais uma vez, se está tratando um tema como este de forma distorcida, de forma desajustada - no sentido em que não estão procurando resolver a questão.

A questão da mobilidade passa sensivelmente pela melhoria do transporte público.

Melhoria que envolve não só a questão dos ônibus, mas, também o metrô e o próprio VLT.

Então, estão propondo uma alternância nas placas dos carros de placas pares e ímpares, em determinados horários como forma de se resolver ou diminuir o caos que é o trânsito no Recife e em outras cidades.

Em nossa opinião, essa medida é equivocada.

Até porque nós que pagamos impostos, pagamos para andar com o carro a hora e por onde precisar.

Você precisa observar que está tendo um prejuízo neste projeto.

Não entendo essa tática como a solução da questão.

A medida que o imposto não vai ser devolvido, você vai criar restrições em determinados setores e principais avenidas.

O proprietário do carro vai procurar outro meio, outras saídas que não estejam dentro da zona de restrição para andar.

Isso vai ser perfeitamente compreensivel e natural, mas vai criar novos problemas do ponto de vista da própria mobilidade, afogando outras rotas.

As pessoas, que precisam se deslocar por uma emergência ou urgência de saúde, não vão deixar de considerar esta questão por necessidade de deslocamento.

No geral, a classe média que tem apenas um automóvel, vai ser penalizada mais uma vez com uma proposta deste tipo.

Diariamente, temos pessoas que vem do interior… e como é que fica a questão das placas do interior quando a mobilidade se dar em Recife?

Como ficam as placas de outros municípios?

Vão ser obrigados a cumprir, impedindo a circulação?

Mas se ele tem hora para chegar no trabalho e tem que cumprir os seus compromissos?

Como é que fica?

São perguntas que precisam ser feitas e na nossa avaliação as coisas, mais uma vez, estão sendo realizadas sem debate com a sociedade.

Muita gente pensa que é “dona da verdade”, acreditando que vai encontrar solução, sem discutir, minimamente, com a sociedade civil organizada e nós estamos aqui para questionar isso.

O debate começa pelo transporte público.

Vejam que o Governo do Estado fez uma concorrência de ônibus e não apareceu ninguém para investimento.

Isto é, no minimo estranho.

Há algo de errado e só podemos pensar que tem cartel para que não possa melhorar o transporte público.

A população está sendo prejudicada de novo e eu penso que este não é o caminho.

Precisamos começar o debate da mobilidade: primeiro melhorando o transporte público, todos eles: ônibus, metrô, trem VLT, etc.

Mas sem andar em pé, com calor, com maus tratos.

Fora o fato dos funcionários de ônibus, motoristas e cobradores que são prejudicados sensivelmente com a jornada de trabalho, ou seja, tudo isto deve ser discutido.

Isto deve ser apenas a primeira parte do debate.

Gostaríamos de reafirmar nossa posição contra a este processo que está sendo discutido na Câmara dos Vereadores.

Entendemos que temos que nos mobilizar, pois não podemos perder o nosso direito da cidadania e o livre direito constitucional de estar se deslocando a hora que se quer, por onde for necessário.

Nós não podemos permitir que o Estado possa impor ao cidadão, que paga altos impostos, à aquilo que é de seu interesse exclusivo.

Nós vamos fazer este enfrentamento e esperamos sairmos vitoriosos.

Sem contar que nós temos ruas esburacadas, com calçadas que não têm recebido cuidados dos gestores públicos.

Tudo isto significa que nós não temos um espaço garantido para as próprias bicicletas para as pessoas andarem.

A questão da mobilidade tem que começar pelo transporte publico, pelo espaço garantido das bicicletas, dos pedestres e isto tudo precede qualquer tipo de ação e esta seria a última hipótese.

Estão começando de trás para frente.

A população merece mais respeito, antes de tudo!