No novo tempo, apesar dos perigos Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver Pra que nossa esperança seja mais que a vingança Seja sempre um caminho que se deixa de herança… (Trecho da Música Novo Tempo de Ivan Lins) Essa semana fui pega de surpresa, como todos os recifenses, quando, na sexta-feira dia 17/05/13, enfrentamos uma chuva muito intensa, que aliada à maré alta e canais entupidos, provocou um caos urbano tamanho que fez com que pessoas ficassem ilhadas em meio a ruas interditadas por carros, água e desespero.

Por pouco, eu também era uma dessas pessoas desesperadas e aflitas em meio ao caos.

Fui impedida de sair por uma mensagem da minha prima Camila, que passou 7 horas entre Boa Viagem e a Avenida Agamenon Magalhães, alertando-me para não sair de casa.

O meu senso de responsabilidade exacerbado quase me fez continuar com os planos de ir para o trabalho, mas acabei cedendo aos apelos da minha mãe que assistia apavorada ao noticiário da manhã, o qual relatava os danos já provocados pelas chuvas.

Não fui…

Imaginei-me na Avenida Agamenon Magalhães, como faço todos os dias, vendo as horas passarem, sem poder usar o banheiro, o que pode gerar problemas concretos de alteração de pressão a pessoas paraplégicas como eu, como também, tremores, alterações de temperatura, manchas avermelhadas na pele, dificuldades de respiração.

Prefiro nem imaginar, mas poderia ter acontecido…

Aliás, a dificuldade do dia 17 vai além das pessoas com deficiência, demostrou uma fragilidade da nossa cidade que colocou em risco a saúde e a vida de muitos que vivem em Recife.

No mais, choveu em Recife em seis horas 142 mm, ou seja, 40% do previsto para o mês de maio.

A prefeitura registrou 177 ocorrências entre deslizamentos, alagamentos, inclusive de estações de metrô, queda de árvores, casas inundadas e derrubadas…

Em meio ao caos a defesa civil orientou a população a não sair de casa.

Tarde demais para muitos…

Infelizmente, tenho que dizer que esse evento é quase um “déjà vu” de anos anteriores.

Não por acaso, os alagamentos aconteceram nos mesmos bairros, avenidas, ruas, praças…

O que me intriga é o porquê desses efeitos negativos das chuvas não serem evitados, ou bem diminuídos…

Após o sufoco, o prefeito rapidamente anunciou um pacote de medidas para prevenir e impedir o que vivemos no dia 17 de maio de 2013 e, sinceramente, espero, com toda a minha fé nos homens, que os próximos anos possamos exibir fotos melhores da nossa cidade tão amada sim, mas também tão frágil e carente de boa gestão.

Na verdade, não vou apenas esperar, vou cobrar, vou acompanhar, vou participar e vou convidar a todos que participem dessa formação de um NOVO TEMPO para a Recife que amamos.

E no NOVO TEMPO a cidade estará repleta de boas razões para ser amada, os seus filhos terão uma vida mais digna e as obras necessárias a sua sobrevivência e crescimento serão enfim realizadas.

Por fim, despeço-me com as palavras de Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”.

Vamos fazer um novo fim e um NOVO TEMPO?