Por Elias Gomes, prefeito de Jaboatão dos Guararapes pelo PSDB Jaboatanenses, recifenses e pernambucanos de um modo geral festejaram, na primeira semana de maio, o início do tratamento do chorume que corria para o rio Jaboatão a partir do Lixão da Muribeca, que mesmo desativado em agosto de 2009, deixou um monumental passivo ambiental até então esquecido pela Prefeitura do Recife, que geria o lixão apesar de ele localizar-se em Jaboatão dos Guararapes.

Durante quatro anos, a gestão anterior da Prefeitura do Recife torceu (ou tapou) o nariz para o problema e jogou na lata do lixo o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Governo de Pernambuco e as prefeituras de Recife e Jaboatão.

Assinado ainda em 2008, o TAC atribui à PCR a solução para o chorume, líquido altamente poluente originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos depositados em lixões e aterros sanitários.

O antigo Lixão da Muribeca, que era um dos maiores da América do Sul, libera 7m³/hora de chorume, o equivalente a 150m³/dia e a cerca de 60 mil m³/ano.

Como advertiu o engenheiro e ambientalista Rodolfo Aureliano, é como se um estádio de futebol do porte da Ilha do Retiro cheio de chorume fosse derramado ao longo do ano no rio Jaboatão, que desemboca nas praias de Barra de Jangada e do Paiva.

E mais: a carga poluente do chorume é dez vezes maior que a do esgoto doméstico, de maneira que a vida natural no rio está completamente comprometida desde as imediações do lixão até a foz.

Além dos muitos problemas causados aos pescadores e à população ribeirinha.

Essa situação começa a mudar.

Desde o dia 2 de maio, o chorume passou a ser processado na Central de Tratamento de Resíduos (CTR Candeias), localizada próximo ao antigo lixão, às margens da Estrada da Integração, no bairro da Muribeca.

Todo o chorume ficará acumulado em lagoas de estabilização de onde será transferido através de um emissário tubular para a unidade de tratamento de chorume da CTR-Candeias.

Nesse local receberá tratamento químico, físico e biológico complementar que reduzirá a carga tóxica à limites aceitáveis para sua reinserção na natureza em forma de água límpida e tratada.

Parte dessa água será utilizada no próprio manejo da CTR.

O restante será lançado no leito do rio já sem comprometer sua qualidade ambiental.

O tratamento do efluente líquido do antigo lixão é a parte mais visível e palpável da correção dos inúmeros impactos que a operação continuada por mais de duas décadas de um aterro de lixo a céu aberto impõe ao território no qual foi implantado e ao seu entorno.

Muito bem!

Há, porém muito mais a ser feito.

Aspectos como a implantação de um sistema de monitoramento do impacto do lixão no subsolo e no lençol freático e a verificação do repovoamento de espécies animais e de vegetação nativa, são medidas que precisam ser tomadas.

Elas dão sequência à ação iniciada pela PCR mediante as exigências de cumprimento dos termos do TAC e à firme determinação da administração municipal de Jaboatão dos Guararapes de participar ativamente da elaboração, operação e fiscalização de medidas reparadoras do ambiente impactado. É necessário e urgente que as autoridades atentem também para a poluição do ar provocada pelos gases que se desprendem da massa orgânica de lixo em decomposição.

Sabe-se que o Lixão da Muribeca operou de maneira aleatória, não conformando os caminhos ordenados dos volumes gasosos a fim de permitirem sua captura para tratamento e aproveitamento.

Outro aspecto sobre o qual é muito importante se refletir é a destinação dessa área, que já tendo sofrido grande e variado impacto ambiental, não pode ter sua utilização social descolada dessa realidade de área impactada, mesmo que sob medidas reparadoras, porém não universais.

Estamos projetando a criação de um bosque para uso das populações do entorno e mesmo da população metropolitana, porém, sem mobilizar a concentração de grandes contingentes, que poderão ir aumentando com o passar dos anos, de acordo com a verificação da salubridade.

Estamos avançando na recuperação de um dos maiores passivos ambientais do Estado de Pernambuco.

Os primeiros e decisivos passos foram dados logo que assumimos a Prefeitura de Jaboatão, em 2009, quando, com decisão e a força do TAC, fechamos o Lixão da Muribeca.

Avançamos também na atenção aos catadores.

Gente que no lixão disputava restos de comida com urubus e que de tanto conviver com o lixo assim também se sentia, conforme vários relatos.

A vida começou a mudar na mesma semana do fechamento do lixão para os mais de 250 ex-catadores, cota que foi definida pelo MPPE.

Eles passaram a receber bolsa-auxílio no valor de um salário mínimo e a frequentar cursos de capacitação para a inserção no mercado de trabalho.

A Prefeitura também implantou o Projeto de Coleta Seletiva que abrigou os ex-catadores que não conseguiram emprego após os cursos de capacitação.

Estamos atentos e empenhados na busca de soluções adequadas para um espaço que mede 60 hectares.

Quando plenamente restaurado se transformará em uma das mais importantes áreas verdes da Região Metropolitana do Recife, com milhares de árvores vicejantes onde antes só havia lixo e desolação.

Assim, o que hoje asfixia, se converterá em significativo “pulmão” metropolitano.