Aluisio Moreira/SEI Com os mais variados argumentos, Dilma e aliados tentaram colocar no passado, em definitivo, os erros cometidos na produção do navio João Cândido, que deveria ter sido o primeiro a ser entregue à Petrobras, mas acabou atrasando dois anos, gerando elevados prejuízos para a empresa, o cliente e o país.

Há um ano, no dia 25/5, era o João Cândido que seguia viagem com destino ao Rio de Janeiro, onde transporta óleo da bacia de Campos.

O Zumbi dos Palmares levou um ano e meio para ficar pronto.

Foram quase dois mil profissionais envolvidos no trabalho.

O navio, que vai transportar óleo cru, principalmente nas rotas internacionais, é a quinta embarcação do Promef entregue à Transpetro em 18 meses.

Em seu discurso, o presidente do Sinaval e diretor do Promar, Ariosvaldo Rocha, convidado da Petrobras para o evento, chegou a dizer que os asiáticos também atrasavam obras, para o Brasil. “E olha que eles contam com 30 anos (no mercado)”, comparou. “O primeiro navio é sempre um aprendizado. o retrabalho é mínimo hoje.

Estamos prestes a sair da curva de aprendizado.

Só erra quem trabalha”, falou.

No esforço de convencimento em prol da tese, até uma oficial de náutica, Vanessa Cunha, subiu ao palco, para ler um discurso ensaiado.

Ela começou afirmando que a conclusão do novo navio só surpreendia aqueles que não acreditaram neste sucesso. “Estamos no rumo certo”, declarou, em um mantra que se ouviu muito nesta manhã.

Outra operária, líder de grupo no estaleiro e apresentada como representante da Força Metalúrgica, Divanete Maria da Silva, foi mais objetiva ainda, depois de dizer que agora tinha dinheiro para viajar e jantar fora. “Demoramos mais para fazer o primeiro navio.

Não acontecerá mais.

Estamos fazendo mais rápído, estamos fazendo melhor, tenho certeza que vamos fazer melhor ainda”, disse.

Divanete Maria da Silva contou ao vivo a sua história de vida, que começou a decolar junto com a oportunidade de trabalhar na indústria naval. “O estaleiro cresceu e eu cresci junto.

Minha vida melhorou construindo navio e quero que continue melhorando junto com os meus colegas de trabalho”, afirmou Divanete, que revelou que, com o novo emprego, pode “viajar e comer fora de casa”.

O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que o EAS “é o maior estaleiro da América Latina, não no tamanho, mas na qualidade dos seus trabalhadores”, antes de dar a real. “No navio João Cândido, o retrabalho foi de 40% (quase metade do navio teve que sofrer reparos).

Hoje, com zumbi, o retrabalho é de 12%.

Com o Dragão do Mar, será de menos de 3%” prometeu. “É o aprendizado do povo brasileiro”, que avaliou ainda o dia como um momento histórico, depois de muitas lágrimas derramadas.

No começo da fala, Sérgio Machado pediu o fim do preconceito com os trabalhadores do Nordeste, que precisava de uma oportundiade. “diziam que cortadores de cana ou doméstica não podiam ser operários no estaleiro, pois a produtividade seria baixa”.

No evento, a presidenta Dilma lembrou a trajetória de retomada do setor naval, iniciada no primeiro governo Lula. “Quando olho para trás, em 2002, quando o ex-presidente Lula fez um compromisso de campanha, que era exatamente possibilitar a retomada da indústria naval.

Chegamos a ser a segunda maior potência do setor na década de 80 e assistimos desaparecer os empregos, com menos de dois mil trabalhadores na virada das décadas.

Hoje, são mais de 54 mil pessoas empregadas e melhorando de vida”, Atualmente, o Brasil tem a terceira maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo.

A confirmação de que o estágio de produção da cadeia Naval ainda não é o ideal pode ser confirmado a partir de um vídeo apresentado pela Transpetro, no meio do evento desta manhã.

Elaborado para apresentar o Zumbi dos Palmares, o vídeo falava dos três pilares da decisão de produzir navios no Brasil, depois de uma crise histórica na atividade.

Quando aparece a meta atingir preços e prazos internacionais, o locutor frisa que está em andamento.

Na tentativa de inflar o ego dos operários, o filme acaba em tom grandiloquente, quase copa do mundo. “Não tem nação do mundo que segure o Brasil”.

O outro navio José Alencar, produzido no Rio, é prometido para o final do ano.

A maior promessa vem dos empregos, que somariam mais 20 mil até 2015.

O ministro Edison Lobão lembrou que, “há 10 anos, a indústria naval estava moribunda e esquálida, caminhava para o desaparecimento, com apenas 2 mil trabalhadores”.

Hoje, segundo ele, essa indústria conta com uma força de trabalho de 54 mil pessoas.