Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem Por Gabriela Lopez, repórter do Blog de Jamildo Não costumo escrever opinião, mas vou pedir licença à reportagem por alguns minutos.
A frase mais repetida nesta sexta-feira (17) foi: Recife parou por causa da chuva.
Mas o problema está sendo visto ao contrário.
O que fez a capital pernambucana viver o caos foi a falta de preparo para enfrentar um dia de chuva.
Com a missão de cobrir uma visita ao segundo navio construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, o Zumbi dos Palmares, a reportagem do Blog de Jamildo partiu de Santo Amaro às 7h30 e passou três horas tentando sair da cidade para chegar a Ipojuca, no Grande Recife.
Quando finalmente chegou à BR-101, próximo ao Curado e Jardim São Paulo na Zona Oeste, o carro do jornal ficou 40 minutos parado e a equipe decidiu voltar.
Era praticamente impossível.
Trata-se da rodovia que é o principal caminho para um dos maiores empreendimentos da retomada da economia pernambucana, o Complexo Portuário de Suape.
Alguns motoristas saíram dos veículos e desligaram os motores.
A estrada parou.
As cenas vistas pela reportagem na tentativa de seguir para a pauta e, depois, para voltar ao jornal em diversas áreas do município eram desumanas, embora parte da população já trate como normal.
Engarrafamentos e falta de agentes da CTTU nas vias.
Pessoas colocando os pés na água suja, se sustentando no pouco que via da calçada coberta pela água para caminhar.
Moradores desesperados com a água que se aproximava da entrada das casas, além de estabelecimentos comerciais fechados por causa de alagamento.
O cheiro de esgoto era insuportável ao abrir os vidros do carro.
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem As estações de metrô alagaram.
O veículo será o único usado para chegar à Arena Pernambuco, na próxima segunda-feira (20), para o jogo inagural.
O estádio é em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana, mas a cidade-sede é o Recife e é da capital que muitas pessoas sairão rumo à partida.
Se não chover…
Claro que a responsabilidade do caos não pode ser atribuída apenas a Geraldo Julio, que assumiu a Prefeitura há cinco meses.
São problemas que se repetem das gestões passadas.
Mas acredito - e ouço isto de pessoas que converso nas pautas e na vida particular - que o prefeito está decepcionando.
O problema foi ele ter apostado demais em propaganda e se apresentado de maneira quase messiânica, como um técnico bom de serviço, que faz tudo com mais qualidade, em menos tempo e com menos dinheiro.
A cidade esperava mais.
Não cabe o argumento de que a chuva forte não era esperada, se esta for a desculpa que será dada em coletiva de imprensa mais tarde.
Uma cidade desenvolvida precisa estar pronta para qualquer dia de precipitação. É o mínimo que se espera de uma capital.
Ainda há outro fator: Geraldo se apresentou como um grande planejador e as chuvas ocorrem anualmente neste período.
Além disso, em entrevista ao portal NE10, o meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) Roni Guedes disse que enviou à Defesa Civil do Estado um boletim avisando que haveria um grande volume de chuva nesta sexta (17).
Não é possível imaginar que o Governo do Estado não tenha repassado a informação para a Prefeitura.
Até porque um dos aspectos positivos da nova gestão é a integração quase total com o governador Eduardo Campos (PSB), que, aliás, é padrinho político de Geraldo.
Ainda não se vê as prometidas mudanças em relação à administração anterior, do mal avaliado João da Costa (PT).
Em apenas um dia de chuva, a cidade ainda alaga, os semáforos ainda apagam, deslizamentos e denúncias de assaltos nos principais corredores.
Geraldo Julio ainda não deixou sua marca de “gerentão” na cidade.
Claro, alguns problemas precisam de tempo para serem resolvidos, como a mobilidade, mas, pela campanha, era esperado mudanças mais ágeis.
Resta continuar aguardando.
Enquanto isso, Geraldo abriu uma licitação de R$ 30 milhões para aplicar em propaganda por um período de 20 meses.
Recife enfrenta dia de chuva e o NE10 registra em vídeo