Mais um passo será dado na próxima segunda-feira (20) para desvendar o paradeiro dos estudantes pernambucanos e militantes políticos Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier, desaparecidos no Rio de Janeiro, em 1974.

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara entregará às famílias das vítimas e a representantes do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), documentos até então secretos obtidos no Serviço Nacional de Informações (SNI), hoje extinto, sobre o caso.

Depoimentos de ex-presos contam interligação de órgãos repressores O dossiê inclui documentos dos Ministérios Público Militar, Justiça, Relações Exteriores e Aeronáutica, além da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que foram encontrados no Arquivo Nacional, no Rio, pela Comissão Nacional da Verdade.

A expectativa de Manoel Moraes, membro da Comissão Estadual, é de que o Gajop, de posse dos documentos, peça a reabertura do processo sobre o desaparecimento dos jovens na Corte Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Comissão Estadual não tem o poder de solicitar a nova investigação. “Os documentos revelam o constrangimento do Estado brasileiro de responder aos questionamentos sobre o desaparecimento deles”, conta Manoel Moraes.

A solenidade de entrega do dossiê ocorre às 9h, na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, na Boa Vista, área central do Recife.

Militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier foram sequestrados aos 26 anos de idade por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), como revelou reportagem publicada no JC do último domingo (12).

O objetivo do órgão repressor era capturar Jair Ferreira de Sá, dirigente da APML, que faleceu em 1985, vítima de um enfarte.

Uma versão não oficial divulgada até então dava conta de que os universitários haviam sido presos por agentes da Inteligência do Exército (DOI-Codi) do Rio.