Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB Pernambucano de Caetés, embora desde criança resida em São Paulo, o ex-presidente Lula transformou o Nordeste no seu Jardim do Éden através de uma bem fundamentada campanha midiática onde sempre se apresentou como “o pobre amigo dos pobres” a lutar contra “ os ricos” do Sudeste brasileiro.
Conseguiu com esta mágica, e a transformação do Bolsa Escola em Bolsa Família, que a maioria dos nordestinos enchessem de votos a ele próprio, ao PT e à presidente Dilma, “vendida” em carros-de-som nas feiras sertanejas em 2010 como ninguém menos que “a mulher de Lula”.
Demonizados pelos petistas como “paulistas” e “defensores dos interesses dos ricos brasileiros” os candidatos do PSDB a presidente José Serra e Geraldo Alckmin acabaram derrotados com a ajuda dos mais de 80% dos votos que o PT sempre obteve no Nordeste na era Lula, diferença que as demais regiões não conseguiram superar.
O ciclo da fartura petista nordestina, porém, está seriamente ameaçado para a eleição de 2014, em que pese o fato de Dilma, em todas as pesquisas, ainda bater, de longe, seus eventuais concorrentes.
Em primeiro lugar, caiu a ficha dos prefeitos regionais, transformados em pedintes no meio de uma grande seca que dizimou literalmente os rebanhos, e à crise econômica que jogou por terra o Fundo de Participação dos Municípios – FPM – do qual vivem oito de cada 10 municípios nordestinos.
Não foi à toa que esta semana no Recife no chamado “Grito do Nordeste” prefeitos de todos os estados foram unânimes nas críticas à presidente.
No próximo dia 20, quando Dilma estará em Pernambuco para inaugurar a Arena da Copa 2014, milhares de produtores de cana e trabalhadores prometem vaiá-la na entrada do estádio.
Coisas nunca imaginadas.
A esta insatisfação econômica e social somam-se os problemas políticos da base construída a dedo pelo PT.
Em Pernambuco mesmo, o berço de Lula, o governador Eduardo Campos, antigo aliado, se coloca como pré-candidato a presidente, causando constrangimentos de toda ordem à base governista e ameaçando espalhar seus tentáculos por outros estados e regiões navegando na insatisfação dos prefeitos e governadores.
No plano nacional, o PSDB promete lançar como seu candidato em 2014 ninguém menos que o senador Aécio Neves, mineiro, afável no trato e considerado um “meionordestino” já que Minas tem parte do seu território encravado no Nordeste sendo, por isso, um dos estados presentes ao Conselho Deliberativo da Sudene.
Ninguém vai poder chamá-lo de “paulista” ou “contra o Nordeste”, como foi feito contra Serra e Alckmin, transformados em bestas-feras no interior.
Para completar, a pré-candidata Marina Silva, da Rede, teve no Nordeste preciosos percentuais de votos nas grandes cidades onde cresce o movimento ambientalista e a força dos evangélicos.
O PT ainda tem seus trunfos, não se pode negar.
Lula continua idolatrado pelos pobres e o bolsa família supera hoje, em termos financeiros, a receita de muitos municípios pequenos do Nordeste.
Estas vantagens, porém, têm sido as mesmas em seguidas eleições e nunca foram suficientes para as vitórias petistas.
Além delas o PT contou com a cooptação desenfreada de prefeitos, vereadores e deputados que agora, passada a fartura das verbas gordas, fazem o discurso do “pode mais” ou “quero mais” jogado na mídia pelo governador Eduardo Campos.
Por fim, as “grandes obras de redenção” prometidas por Lula como a Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco estão inacabadas, causando mais problemas que soluções.
Vai ser difícil ultrapassar incólume todas essas barreiras.
CURTAS Saia justa - O PTC, partido pequeno que fez campanha de filiação 4 anos atrás para fazer sua chapinha na eleição proporcional, está em apuros agora.
Como tem dois deputados estaduais – Eriberto Medeiros e Ricardo Costa – não está conseguindo candidatos que lhe sirvam de calda.
Vai ter que morrer em algum chapão para tentar salvar seus mandatos.
Agonia - O PMDB, que já estava com dificuldade para fazer uma chapa proporcional, vai ser obrigado a prolongar sua agonia depois que a direção nacional resolveu insistir na candidatura do prefeito Júlio Lóssio a governador.
Ninguém acredita que isso vá para a frente por conta da resistência interna mas até o assunto estar resolvido muito pré-candidato teme morrer na praia.
Resistência - A vereadora Priscila Krause vai dar muito trabalho ao DEM, caso o partido se incline pelo apoio à candidatura do governador Eduardo Campos.
Com votos cravados na oposição da capital, Priscila teme perder o espaço conquistado a duras penas caso seja obrigada a subir no palanque governamental.