No Jornal do Commercio desta quinta-feira BRASÍLIA - A votação da MP dos Portos, que até o fechamento desta edição, a 0h25 de hoje, não havia sido concluída no plenário da Câmara, explicitou a insatisfação da base aliada com o governo de Dilma Rousseff e resultou no embate entre dois grupos que compõem a base.
De um lado, ficou o PT e seus aliados históricos.
Do outro, os partidos do chamado “Centrão”, que apoiam todos os governos.
As possíveis mágoas que podem ter se instalado no seio peemedebista, após dias de confronto com o governo e ameaças de que teriam suas indicações para cargos “catalogadas” e eliminadas como retaliação à suposta rebeldia na Câmara é o que mais preocupa o governo no momento.
O Planalto se esforça para não transformar o que classifica como derrota isolada do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do partido na Câmara, em uma derrota generalizada do PMDB.
O discurso para convencer os aliados é de que o governo trabalha para aprovar o projeto de outro peemedebista, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM). “O governo teve problemas com o PMDB na Câmara.
Aqui no Senado, nós seremos a solução”, afirmou Braga, pouco antes de entrar para mais uma conversa de articulação para a votação da MP.
Na madrugada de ontem, depois da primeira vitória, os interlocutores do Planalto resolveram fazer da sessão uma exibição de sua capacidade de destruir uma a uma as pretensões de Cunha.
O governo obteve mais de dez vitórias seguidas até que, para impor nova derrota ao deputado, apoiou uma proposta do principal partido opositor, o DEM.
Com a derrota, o líder deixou claro no plenário que o apoio à emenda da oposição - que mudava o texto original apresentado por Eduardo Braga - mudaria a condução do maior partido aliado.
O Planalto, por sua vez, a partir do resultado da votação pode começar uma caça às bruxas.
O governo usará as votações para avaliar o grau de fidelidade de cada um dos partidos da base.
Em relação a Cunha, a intenção do governo é tratá-lo a pão e água.