Da Agência Estado As Forças Armadas continuam desafiando as investigações de crimes cometidos por agentes de Estado no período da ditadura militar, segundo a nova coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Maria Cardoso.
Em entrevista à reportagem a advogada, que defendeu a presidente Dilma Rousseff e outros perseguidos políticos na época do regime militar, anunciou que tentará novos “caminhos” para ter acesso aos arquivos da repressão. “Tentamos todas as formas de solicitação institucional”, disse Rosa. “Procuramos o ministro da Defesa e temos recebido sempre a informação que os arquivos foram queimados.
Mas estamos procurando outros caminhos.” A comissão completa nesta quinta-feira um ano de funcionamento sem conseguir acesso a valiosos arquivos da repressão.
O grupo encarregado de investigar crimes do Estado teve sua entrada barrada pelas Forças Armadas nas dependências do CISA, CIEX e Cenimar - os centros de inteligência da Aeronáutica, Exército e Marinha que organizavam as operações de combate a grupos armados nas cidades e nas áreas rurais.
A advogada, que assume amanhã a função da coordenadora da comissão, não adiantou quais caminhos a comissão usará para chegar aos documentos.
Uma das possibilidades seria esgotar todas as estratégias legais para entrar nas salas dos centros de inteligência.
Reservadamente, já se chegou a discutir um pedido legal de busca e apreensão.
Legislação.
A Lei 12.528, que criou a comissão, destaca que o grupo pode requerer ao Judiciário acesso às informações.
A mesma lei ressalta que é “dever dos servidores e dos militares colaborar com a comissão”.
A comissão já tentou de diferentes maneiras convencer os comandos militares a cumprir a determinação.
Em junho do ano passado, o ministro da Defesa, Celso Amorim, chegou a sinalizar, em entrevista - tendo ao lado de membros da comissão -, que as Forças Armadas cumpririam a lei e abririam os arquivos dos centros de inteligência. “A lei diz que nós temos todo o dever de cooperar.
Em termos gerais, tudo estará aberto”, disse na ocasião o ministro.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.