A Câmara de Dirigentes Lojistas Recife realizou no último abril uma pesquisa do perfil do inadimplente recifense.
Uma das novidades deste levantamento são os dados referentes à relação entre o consumidor e a inflação.
Os devedores são em sua maioria homens (52,1%), com idade entre 21 e 40 anos (67%), possuem ensino médio completo ou incompleto (63%) e renda familiar mensal compreendida entre um e três salários mínimos (68%).
Os cartões de crédito e de loja permanecem como maiores causadores de débitos.
Somados, correspondem a 43% dos tipos de dívida.
De acordo com Eduardo Catão, presidente da CDL Recife, o resultado está ligado ao fato do cartão ser o principal instrumento de compra, devido a sua comodidade, facilidade, segurança nas transações e crédito pré-aprovado.
As prestadoras de serviços são o terceiro tipo de dívida mais recorrente, origem da inadimplência de 14% dos entrevistados.
Em seguida vêm as financeiras com 11%, o que representa crescimento de 5 pontos percentuais (p.p.) em relação a abril de 2012.
De acordo com a pesquisa, houve uma redução significativa das parcelas de dívidas menores que R$ 100, apresentando queda de 19 p.p. em 12 meses.
Já o índice de consumidores com parcelas compreendidas entre R$101 e R$400 passaram de 39%, em abril de 2012, para 48%, em abril de 2013.
Os entrevistados que alegaram possuir dívidas maiores que R$400 também apresentaram crescimento considerável de 10 p.p na comparação anual, passando de 27% para 37%. “O processo inflacionário apertou quem ganha menos, que consequentemente passou a comprar menos.
Isso é uma demonstração da pressão inflacionária.
A inadimplência hoje se dá muito mais por conta de um processo inflacionário, do que por perda de emprego”, comentou o presidente.
O número de consumidores que pretendem fazer novas compras após quitar o débito apresentou uma diminuição de 10 p.p. quando comparado a abril do ano passado, enquanto o índice daqueles que não sabem se voltarão a fazer dívidas aumentou 9 p.p..
A maioria dos negativados (33%) espera que seu nível de consumo nos próximos seis meses seja menor que o atual, 23% esperam que seja maior, 22% acham que consumirão o mesmo que hoje e 22% não sabem ou não tem expectativa quanto ao nível de consumo futuro. “Esses resultados demonstram que o consumidor está sendo mais cauteloso ao realizar novas compras.
Todos sentem o aumento dos preços, então é necessário avaliar os gastos”, pontuou.
Inflação De acordo com a pesquisa, 83% dos negativados afirmaram haver percebido aumento dos preços de alimentos e bebidas.
Habitação e despesas pessoais tiveram 4% das respostas.
O resultado indica que o aumento do nível geral de preços tem chegado principalmente à mesa do consumidor, dado confirmado pelo IPCA de abril, medido pelo IBGE, que registrou alta de 5,65% nos preços do grupo de Alimentos e Bebidas somente entre janeiro e abril deste ano. “O consumidor sente mais a inflação de alimentos e bebida.
Quando ele vai fazer as compras do mês, consegue observar que os preços estão aumentando, mesmo com a medida do Governo Federal de isenção dos impostos na cesta básica”, afirmou Eduardo Catão, presidente da CDL Recife.
Ainda sobre o tema, a inflação tem alterado a decisão de consumo de 75% dos entrevistados.
Entre esses, 32% afirmaram ter diminuído o consumo de bens básicos por causa do aumento do nível de preços, 24% decidiram fazer substituição de produtos por marcas mais baratas ou cortar os supérfluos.
Outros 15% optaram por deixar de realizar algum pagamento para manter o mesmo nível de consumo, culminando na inadimplência, enquanto que 4% se endividaram, entrando no rotativo do cartão de crédito.
Dentre os consumidores que tentaram driblar o aumento de preços para manter as contas em dia, 25% buscou fontes de renda extra, 10% optaram por tomar empréstimos bancários, 7% recorreu as reservas da poupança e 4% entrou no cheque especial.