Há 60 dias sem receber o pagamento das verbas rescisórias e das férias, e há duas quinzenas sem ganhar salários, cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras rurais da Usina Cucaú resolveram acampar, por tempo indeterminado, no pátio da empresa, localizada no município de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.

O grupo realizou a ocupação na manhã desta quarta-feira (15), após algumas tentativas frustradas de negociação junto a representantes da Usina.

A Cucaú emprega 2 mil trabalhadores dos municípios de Ribeirão, Gameleira, Escada, Água Preta, Rio Formoso, Barreiros, Tamandaré e Sirinhaém.

Um pedido de audiência, já foi formalizado junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para que o órgão passe a fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas, por parte da empresa, e que possa mediar os conflitos existentes.

Para o diretor de Política Salarial da Fetape, Paulo Roberto, o cenário é preocupante.

Ele acredita que se as indústrias primassem pela qualidade da gestão e do planejamento, os trabalhadores rurais assalariados não seriam tão penalizados. “Os canavieiros estiveram, durante todo o período da safra, contribuindo para o sucesso da empresa e, logo após o término da colheita, eles não receberam seus direitos trabalhistas, justamente pelo fato de a Usina não ter uma política de assistência que possa atuar num momento como este.

Isso é inadmissível”, avalia.

Sobre o não pagamento dos direitos trabalhistas, segundo Paulo Roberto, representantes da Usina Cucaú estão alegando que não conseguiram acumular um volume suficiente de recursos para poder sanar todos os seus compromissos. “Em sua maioria, trata-se de empresas que devem à União, ao Estado e, também, ao mercado.

Isso às vezes dificulta o processo de negociação antecipada”, conclui.

Em um mês, essa é a terceira mobilização dos trabalhadores canavieiros no Estado.