Foto: Michele Souza/JC Imagem Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (15), a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, que tenta viabilizar a criação do Rede SUstentabilidade para sua candidatura presidencial, criticou a política ambiental da atual gestão do Governo Federal, liderado por Dilma Rousseff (PT). “Preciso reconhecer os pontos positivos.
Este é um governo que manteve políticas sociais, que tirou 33 milhões da extrema pobreza.
Como também tenho que reconhecer a contribuição do governo Fernando Henrique e Itamar para a estabilização econômica - que aliás está ameaçada, inclusive com a volta da inflação.
Mas o atual governo [de Dilma] não tem uma marca, ainda.
A única marca que consigo enxergar é a do retrocesso na agenda ambiental”, alfinetou Marina.
Afirmando que todas as gestões tiveram avanços, ainda que pequenos, nas políticas ambientais, Marina Silva disse que “dramaticamente este é o primeiro governo a fazer um retrocesso ambiental”. “Muitos têm dificuldade para ver que a Sustentabilidade é uma ideia cujo tempo chegou.” Ela criticou a aprovação da anistia aos desmatadores, a redução das unidades de conservação ambiental e também a aprovação da Lei 140/2011, que altera a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, retirando do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) a competência relativa à proteção do meio ambiente, combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. “Mas torço para que ela imprima uma boa marca e faça um bom governo”, disse Marina, após criticar ex-colegas de PT que ficaram ao lado de Ronaldo Caiado, Maluf e Amazonino Mendes, que já fizeram veementes críticas ao PT e a Lula.
Leia também: Marina Silva critica Marco Feliciano, mas não responde sobre casamento gay Depois de Dom Fernando Saburido, Marina Silva quer agora assinatura de Elias Gomes e dos evangélicos As críticas ao governo Dilma também são direcionadas ao que ela chama de “casuísmo político”.
Ela, que tenta viabilizar a Rede Sustentabilidade, tem sofrido com um Projeto de Lei que, caso aprovado, enfraquecerá a criação de novas siglas, restringindo o acesso destas ao fundo partidário e e tempo nos guias de tv e rádio.
No ano passado, a polêmica envolvia o PSD, de Gilberto Kassab, aliado do governo.
O partido, no entanto, não entra na lista dos afetados pela PL.
Dois pesos e duas medidas. “Dilma vai ter 13 minutos de guia e está tentando nos tirar 35 segundos”, disse Marina, apontando medo da “força das novas ideias”.
Ela lembrou ainda da década de 1980, quando Lula enfrentou muita resistência para fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) - do qual Marina também fez parte. “Ele (Lula) era acusado pela extrema esquerda de fazer o jogo da Ditadura, enquanto tentava ser calado pela extrema direita”, lembrou, em comparação com a resistência que tem enfrentado.
Mas ela disse não desanimar. “Sou uma pessoa calejada”.
Sobre o grande número de partidos políticos e a falta de credibilidade dos mesmos diante da sociedade, Marina afirmou que “O fastio político é fruto da falta de qualidade nos partidos, não da quantidade de partidos”, aproveitando para vender seu peixe. “A Rede não é um partido novo. É um novo partido.
Estamos antecipando a reforma política, implantando o financiamento popular da campanha”, destacou.
Com discurso de valorizar a militância - em sua maioria composta por jovens que não possuíam envolvimento com política - Marina disse não se preocupar com falta de dinheiro de empresas na campanha. “Quanto maior o envolvimento de pessoas, menor a necessidade de financiamento.
De grão em grão a galinha enche o papo”. “Somos diferentes na visão, no processo e na estrutura.
Temos uma visão de desenvolvimento sustentável, enquanto a visão do governo hoje, a nossa cultura, é desenvolvimentista.
Um exemplo é o plano decenal de energia, onde não temos uma linha sequer sobre energia solar.” Ao falar da política econômica da atual gestão federal, Marina criticou o fato de Dilma não exigir qualquer contrapartida ao tomar decisões como, por exemplo, a redução do IPI para veículos.
A ambientalista também reiterou seu apoio à política de cotas. “É necessária a discriminação positiva por um período, mas não apoio isso de forma infinita.
Quando tivermos a correção [do prejuízo histórico], que não sei quando é, paramos”.