Da Agência Estado O empresário Freud Godoy, ex-segurança de Luiz Inácio Lula da Silva, depôs nesta quarta-feira na Polícia Federal em São Paulo no inquérito que investiga a acusação de Marcos Valério segundo a qual o ex-presidente teve contas pessoais pagas com dinheiro do mensalão.
Por quase 4 horas, Godoy respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas na Delegacia de Repressão a Ilícitos Financeiros.
Ele não foi indiciado.
Também depôs a mulher e sócia dele, Simone Messeguer Pereira Godoy.
Em depoimento prestado em setembro do ano passado à Procuradoria-Geral da República, o empresário Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos por ser o operador do mensalão, disse que repassou em 2003 dinheiro a uma empresa de Godoy, a Caso Sistema de Segurança.
Esse dinheiro, disse Valério à procuradoria, serviria para pagar despesas pessoais de Lula.
Foram dois repasses, disse o operador do mensalão, um deles no valor de R$ 98,5 mil.
O conteúdo do depoimento foi revelado pelo jornal O Estado de S.
Paulo em dezembro passado.
Lula diz que a acusação é “mentirosa”.
As perguntas a Freud e a sua mulher foram enviadas por carta precatória da Polícia Federal em Minas, onde corre um inquérito ao qual foi anexado o depoimento de 13 páginas que Valério prestou à Procuradoria-Geral da República em setembro.
No âmbito desse inquérito, a anexação do depoimento de Valério acabou levando a Justiça a quebrar o sigilo bancário de Freud.
Outro inquérito foi aberto a partir do depoimento, mas pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal - este investiga especificamente supostos repasses ilegais da Portugal Telecom ao PT que teriam sido realizados com o aval do ex-presidente.
No âmbito da CPI da Bancoop - comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa de São Paulo que, em 2010, investigou fraudes e desvios na Cooperativa Habitacional dos Bancários, fundada por um núcleo do PT - , Freud admitiu que a Caso recebeu 98,5 mil da SMP&B, agência de Valério.
Na época, indagado por deputados se prestou serviços a Valério, ele declarou: “Não prestamos serviço à empresa dele diretamente.
Prestamos serviços na campanha de 2002, do presidente Lula, eleito em outubro.
Nos meses de novembro e dezembro houve vários eventos de comemoração que o PT fez.
Quando chegou janeiro (2003) tínhamos um saldo, um valor para receber que estava em atraso do PT.
Foi pedido que essa empresa (SMP&B) pagasse a Caso Sistema de Segurança.
A Caso foi paga pela SMP&B pelos eventos que foram feitos na época”.
Ele afirmou que “a transação foi contabilizada”.
Questionado se a contabilização se deu na prestação de contas do PT, disse: “Não conheço a prestação de contas do PT.
Eu posso falar pela empresa.
Fui assessor da Presidência da República.
Eu trabalhava em Brasília, com a primeira-dama, no gabinete dela, fazendo atendimento de pedidos, requerimentos, solicitações.
Cuidava das coisas particulares da família do presidente”.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.