O Blog de Jamildo foi ouvir a população do Recife sobre o Projeto de Lei 77/2010, que prevê “restrição de veículos” na capital pernambucana.

Se aprovada - o que deve acontecer em breve, vide os acertos entre o Poder Executivo e a bancada governista da Câmara - a “restrição”, ou rodízio, afetará a vida de boa parte da população, em especial os que têm carro.

Apesar disso, a população mostra desconhecer o projeto.

Em entrevista com 13 moradores da capital pernambucana, foi possível constatar que o debate não foi ampliado mantendo a população distante das decisões políticas que determinam os rumos da cidade.

Dentre os 13 entrevistados, oito disseram que sabiam da existência do projeto.

Mas apenas um se mostrou seguro para falar sobre o tema.

Os demais só haviam “ouvido falar” e afirmaram saber muito vagamente sobre o projeto e sua aplicabilidade.

Leia: Projeto de lei que implanta rodízio de carros será votado sem realização de audiência pública Na galeria da Câmara, cidadão pede para população ser ouvida sobre implantação de rodízio no Recife Jungmann vê base governista “temerosa” com projeto que implanta rodízio no Recife Dentre os entrevistados, foi unânime que faltou debate com a população.

Apenas o taxista Antônio Ângelo afirmou que o tema não deveria ser debatido com a sociedade, mas “com quem enfrenta o trânsito caótico no dia a dia”.

No caso, para ele, são as classes que utilizam veículos como meio de trabalho.

Para ele, a solução é construir mais viadutos.

Outro taxista que sabe do projeto é Osman José, o “Zito”, conhecia o projeto - a classe dos taxistas tem mesmo que conhecer.

Ele acha ótimo, mas sugere aidna que sejam feitas faixas exclusivas para ônibus e taxis. “O que mais engarrafa o trânsito são os ônibus”, afirma.

O vendedor Guilherme Pimentel já ouviu falar, mas confessou não ter grande conhecimento sobre o projeto.

Mas opinou que o sistema proposto atrapalha principalmente quem não pode adquirir outro veículo, para “revezar”.

Ele apontou que a venda de carros vai aumentar e os engarrafamentos diminuirão pouco. “Atrapalha mais do que ajuda”, palpitou.

Ele também reclamou a falta de diálogo com a população. “Pode ter sido debatido entre eles, mas à população faltou acesso”.

O servidor público Robson de Andrade conhece e concorda com o projeto. “O Recife deveria fazer a mesma coisa que fazem em São Paulo. É necessário”, defendeu.

A professora Maria Amélia Saraiva disse já ter ouvido falar, concordando que “precisa ser feito alguma coisa”.

O comerciante Jessé Zózimo, que já havia ouvido falar, disse que o sistema proposto não deve ter eficiência. “Acho que não vai resolver nada. É carro demais”.

E logo questionou: “Vai ter ônibus para todo mundo?”.

O jornalista e músico Diviol Lira afirmou que é necessário “fazer algo” para organizar o trânsito, mas não tem certeza se o rodízio ou restrição é a forma mais adequada de fazê-lo.

Ele também reclamou que a discussão precisa chegar à sociedade.

A artista plástica Joana D’Arc, que não conhecia a proposta, compartilha da opinião de Diviol. “É importante que se faça alguma coisa.

Acho que isso não resolve.

Mas vale como tentativa”.

O técnico em informática Washington José vê o PL como “mais uma forma de o governo facilitar a vida de quem tem mais dinheiro e prejudicar quem não tem”.

Ele tem uma moto e afirma que quem tem mais poder aquisitivo e tem ou pode ter dois carros, não será prejudicado.

E também afirmou que a população está totalmente de fora da discussão. “A grande massa que possui veículo não sabe disso”, afirma.

O consultor de vendas Rafael de Oliveira não tinha ouvido falar no projeto e também vê a ideia como prejudicial principalmente às classes que não têm condições de ter dois veículos.

O comerciante Manoel Borba, que não sabia do PL, disse que “a ideia é boa”, mas pediu mais coletivos, criticando a situação em que já se encontram os que dependem do transporte público.

A funcionária pública Polliana Lima, que também não sabia do projeto de restrição, afirmou que “vai ser terrível”, porque ela - que pretende comprar um carro em breve - pode precisar sair com o automóvel num dia e em que não seria autorizada.

Ainda sem opinião formada, a funcionária pública Liege Carvalho sabia do projeto, através de jornais e dos amigos, mas se considera pouco informada.

Ela disse estar surpresa com a velocidade com que o projeto tramitou na Câmara. “Me surpreendi quando li que já vai ser votado”, afirmou.

E se queixou também da falta de debate popular. “Teria que ter conhecimento mais profundo para opinar. [O projeto] não foi debatido com a sociedade, não foi divulgado o suficiente e população não foi ouvida”, reclama.

Enquete: você aprova o rodízio de carros no Recife?

A “restrição” Na última terça-feira (7) a Câmara Municipal do Recife quase votou o Projeto de Lei 77/2010, que implanta rodízio de carros na capital pernambucana - a equipe do prefeito Geraldo Julio chama de “restrição”.

O PL de autoria do vereador Gilberto Alves (PTN), líder do governo na Câmara, prevê que pontos congestionados da cidade terão acesso restrito em horários de pico durante a semana.

O critério sugerido é a numeração da placa.

Leia: João Braga pede que recifense acorde mais cedo, para evitar multa com rodízio de carros Rodízio de carros.

Geraldo Júlio repete João Braga e diz para recifense sair mais cedo de casa Quem não seguir as regras será multado por trânsito em local/horário não permitido (Infração do código 574-60, artigo 187, I), infração média, multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira.

A Prefeitura e os 45 vereadores da bancada governista estão fechados com a proposta, e a PL só não foi votado por conta de uma manobra da pequena bancada de oposição, que conta com quatro membros.

Após uma hora de embate, os vereadores acabaram por reconhecer a observação de Priscila Krause (DEM).

Comissão de Transporte da Câmara Municipal aprova rodízio de veículos no Recife Rodízio de carros no Recife ganha reação contrária na rede social A democrata argumentou que não é possível votar o projeto atual sem, antes, apreciar o projeto de lei nº 19\2008 - de Liberato Costa Júnior (PMDB) -, que também trata de rodízio.

Para evitar a criação de uma brecha legal para questionamentos, o presidente da casa, Vicente André Gomes (PSB), junto com os outros integrantes da mesa diretora, acabou aceitando o adiamento.

Foi por pouco.

Se aprovada - o que deve acontecer em breve -, seguiria para sanção do prefeito e, após isso, deve ser implementada no prazo de até 90 dias.

Manobra da oposição adia votação de projeto que implanta rodízio de carros no Recife