Da Agência Estado A Comissão Nacional da Verdade convocou formalmente o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra para prestar depoimento perante seus integrantes.

No encontro, agendado para sexta-feira 10, em Brasília, ele será questionado sobre crimes ocorridos no período da ditadura militar dos quais é acusado de ter participado.

Se não obedecer à convocação, o militar pode responder por crime de desobediência ou ser conduzido à força.

Até esta segunda-feira à noite ele ainda não havia respondido à comissão.

O mais provável é que encaminhe um documento solicitando dispensa do comparecimento.

Vai alegar que tudo que tem a dizer sobre suas ações na ditadura está contido nos seus livros Rompendo o Silêncio (1987) e A Verdade Sufocada (2006).Foi essa a atitude que o coronel adotou quando, dias atrás, recebeu um convite da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo para falar sobre violações de direitos humanos ocorridas no DOI-Codi do 2.º Exército entre 1970 e 1974 - período em que a instituição esteve sob seu comando. “Tudo que ele tem a dizer já está nos livros que escreveu”, argumenta o advogado Paulo Esteves, que defende o militar.

Se comparecer perante a comissão, Ustra tem o direito de não responder às perguntas que lhe fizerem.

O coronel não é o primeiro militar convocado.

Há uma forte expectativa em torno de seu depoimento, porém, porque o DOI-Codi de São Paulo foi um dos principais órgãos da repressão na ditadura.

Seu nome é citado em centenas de depoimentos em casos que envolvem denúncias de tortura, morte e desaparecimento forçado de opositores.

Ele tem negado sistematicamente todas as acusações.

Em outubro do ano passado, o juiz Hélio Egydio de Matos Nogueira da 9.ª Vara Criminal da Justiça Federal, em São Paulo, acatou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o coronel pelo crime de sequestro qualificado do desaparecido político Edgard de Aquino Duarte, em 1971.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.