Por Ayrton Maciel No Jornal do Commercio deste domingo Documentos descobertos por pesquisadores da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara estão permitindo o colegiado montar a cadeia de ligação entre estudantes secundaristas de direita e o aparelho policial do Estado, identificando o possível embrião da organização paramilitar Comando de Caça aos Comunistas (CCC), em Pernambuco.
Localizado nos arquivos do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), o material traz à luz o provável DNA do CCC, a Frente Anticomunista dos Estudantes Secundários de Pernambuco (FACESP), que ganha protagonismo - avalizado pela Polícia Política - a partir de 1957.
A Frente atua em meio à União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e à Associação Recifense de Estudantes Secundaristas (Ares), de predominância da esquerda, com atividades de contrapropaganda e negação da retórica comunista e da imagem da Rússia (União Soviética).
A avaliação da Comissão da Memória e Verdade é que o CCC é a extensão armada da Frente Anticomunista e grupos menores, que se reúnem em uma sigla clandestina para defender o regime de 1964, quando ele começa a enfrentar maior resistência.
Passados 65 e 66 de repressão e consolidação do governo, a oposição civil cresce nas universidades, escolas secundárias, na Igreja Católica, no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) - o partido oposicionista - e surgem organizações clandestinas armadas de esquerda.
Do lado oposto, iniciam-se, em Pernambuco, em 1967, as ações da organização que se autointitula paramilitar, com agressões, sequestros, torturas, atentados, pichações, morte e lista de marcados para morrer.
Era o CCC, a temida entidade terrorista sob protetorado do regime militar.
Leia: Major Ferreira confirma que empresários pernambucanos financiavam assassinatos de comunistas Suspeito de envolvimento na morte do Padre Henrique, Major Ferreira diz que visita túmulo do padre todo mês Acusado pela morte de Padre Henrique é ouvido na Comissão da Verdade Os documentos encontrados pelos pesquisadores da Comissão da Memória e Verdade revelam nomes de dirigentes e militantes da FACESP, comprovam a articulação com a Polícia Política estadual e demonstram a influência do notório delegado da Delegacia Auxiliar - a dos serviços de infiltração, espionagem e repressão -, Álvaro Gonçalves da Costa Lima. “Os indícios são fortes de que deram origem ao CCC.
A Frente Anticomunista organizou passeatas, participou de manifestações com a TFP (organização fundamentalista católica Tradição, Família e Propriedade).
Atuou até fora de Pernambuco”, detalha Nadja Brayner, professora da Universidade Federal (UFPE).
No prontuário da FACESP, nos arquivos do Dops, há cartas de Álvaro da Costa Lima a chefes de Polícia do Rio de Janeiro, Fortaleza e até Garanhuns, apresentando estudantes escalados para atuação em congressos estudantis.
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