Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB, especial para o Blog de Jamildo Com o objetivo de agradar correligionários ou homenagear grupos influentes, tem sido comum no Brasil os políticos darem nome a obras públicas que ainda nem saíram do papel.
Muitas jamais vão sair.
Como a lei proíbe- ainda bem - homenagear pessoas vivas, os mortos passam a ser a bola da vez.
Há seis anos, desde que o governador Eduardo Campos assumiu o cargo, chovem na Alepe projetos de lei dando o nome do ex-governador Miguel Arraes, seu avô, a tantas obras que ninguém mais consegue contar.
Estima-se em mais de 100.
Menos de metade concluídas mas o batismo já esta feito.Desde pequenas pontes no interior até estradas – algumas importantes, outras nem tanto – passando por escolas, hospitais, PSFs, etc.
Discreto, Arraes não deve andar satisfeito com tantas lembranças tardias.
Afinal uma grande obra dignifica e eterniza um político mas as pequenas muitas vezes até prejudicam a imagem do homenageado.
Podem cair, atender mal às pessoas – no caso de hospitais – e acabarem sendo citadas como algo ruim.
Colocar nomes em obras, por sinal, tem sido uma artimanha dos deputados para mostrar serviço já que a Constituição Estadual limita ao extremo o poder de legislar, impedindo que o deputado apresente até mesmo emenda em projeto desde que redunde em aumento de gastos para o estado.
Só se pode legislar se não houver recurso nenhum para ser gasto.
Ou seja: quase nada se pode fazer além de analisar o que o executivo produz.
Mas se os legisladores precisam de artimanha como o batismo de obras num país em que o executivo pode tudo, sobretudo, como é o caso, quando tem uma folgada maioria parlamentar, o próprio executivo vem passando dos limites.
Recentemente, a presidente Dilma enviou ao Congresso projeto de partilha dos royalties do pré-sal - uma camada de petróleo e gás ainda não explorada – decidindo que tudo que for arrecadado vai para a educação.
Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos fez o mesmo.
Independente da intenção elogiável – priorizar a educação – a verdade é que Dilma e Eduardo podem nem estar no poder quando esses recursos chegarem aos cofres públicos mas já resolveram para onde eles irão.
A lei estadual já está aprovada mas depende da federal com enormes barreiras no Congresso.
O que rende aos dois – presidente e governador – tanta antecipação?
Só há uma explicação – a necessidade de aparecer e posar de “bonzinho” na pré-campanha eleitoral.
O povo – eleitor – vai ser bombardeado na TV em 2014, cada um dos dois falando dos royalties como se eles já estivessem em caixa.
Uma clara demonstração de que o carro anda na frente dos bois.
CURTAS Pânico – Deputados do PSB na Alepe estão em pânico com a resistência dos demais partidos da base aliada de formar um chapão com eles.
Recheados de votos, eles podem perder cadeiras se não conseguirem a famosa “calda”, pessoas menos votadas que acabam aumentando as vagas do partido maior.
Em 2010 o chapão salvou muita gente.
Agora que Eduardo não é mais candidato a governador tem legenda ameaçando não participar da coligação proporcional.
Lyra – Crescem nos meios políticos as informações sobre a decisão do vice-governador João Lyra de tentar se viabilizar como candidato a governador pelo PSB.
O argumento é que, com a caneta na mão, ele é o mais poderoso dos pré-candidatos governistas.
Brincando, o deputado estadual André Campos (PT) afirmou esta semana: “eu vou logo dar uma caneta dourada a João para ele não se esqueça de mim”.
Moucos – Está tão quente o ambiente legislativo com a possibilidade de o PT e o PSB romperem relações até o final do ano que pouca gente anda querendo falar sobre o assunto, mesmo no impenetrável buraco frio.
O deputado Sílvio Costa Filho argumenta com bom humor: “não é questão apenas de falar.
Tem gente que não quer nem sequer ouvir.”