Por Michel Zaidan Sem querer polemizar com o colunista do carderno de economia do JC, é preciso lembrar que o portfólio desenvolvimentista de Eduardo Campos no estado de Pernambuco tem sido beneficiado pela imensa transferência de recursos federais para a região (recordar que os últimos ministros da integração nacional foram nordestinos e do PSB) e que o governador recebeu de seu antecessor um ambiente economico saneado, com muitas empresas se instalando no estado ou em vias de instalação.

O que não fica bem na moldura do paladino do desenvolvimento regional e municipal é a franca renúncia fiscal (até para empresas de ônibus) e a total desrregulamentação da legislação ambiental como forma de “vender o estado de Pernambuco” a investidores potenciais a cata de vantagens locacionais para seus empreendimentos.

A natureza ambígua, indefinida, ambivalente dessa gestão é: exportar um discurso nacional (e eleitor al) em defesa do pacto federativo (já destinando o dinheiro dos royalites do petróleo do Pressal para a educação) e praticar abertamente a renúncia fiscal como forma de política de desenvolvimento.

Das duas uma: ou o governador-candidato assume o papel de paladino de refundação da República federativa, defendendo uma nova repartição de recursos entre estados, municipios e a União (e uma nova política regional), ou deveria se calar diante do triste espetáculo da “guerra fiscal” entre as unidades federativas, e destas com a União.

Fazer as duas coisas ao mesmo tempo, não dá.

O capital Theo pode a ter ficar com as tres namoradas da novela.

Mas o contribuinte e cidadão brasileiro precisa saber em quem vai votar: se no ardoroso defensor do novo pacto federativo ou num criminoso de lesa-pátria, lesa-federação.

Infelizmente, a propaganda do PT também não ajuda.

A tal inclusão - via consumo subsidiado com o endividamente público (um trilhão de reais)- de milhões de brasileiros que passaram a ter acesso aos produtos da indústria eletro-eletronica, carros e casa, não parece ter produzido uma multiplicação de direitos políticos e sociais, que se traduzisse em mais reinvidicações, controle social, participação e sobretudo melhoria dos serviços (re)públicos.

A propaganda partidária reconhece que a enfase agora é a melhoria (a qualidade) dos serviços públicos.

Mas como outorga, dádiva, presente do governo, não como reinvidicação republicana da sociedade.

O PT parece ter optado por um modelo “americano” de sociedade - a sociedade do consumidor - para dar vazão às indústrias americanas no país.

O cidadão resultante desse modelo é o cidadão-consumidor, não tem consciência de direitos, nem int eresse na participação social. muito menos na responsabilização penal dos ilícitos cometidos pela administração pública.

Para este tipo de cidadão, talvez o ideal político seja mesmo o capitão Theo e sua indefinação em relação a suas tres mulheres.

Mas o Brasil é muito mais complicado do que a novela de Glória Perez, e um personagem tão fraco, tão indefinido, covarde e suscetível como esse talvez não seja o melhor para governar o país.