Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB Segundo as mais variadas gramáticas da língua portuguesa, o sujeito está oculto em uma oração quando o agente da ação – a pessoa responsável por um ato – está implícito na frase, embora seu nome não se encontre impresso.
Na linguagem política, sujeito oculto sempre é o vice.
Seja no município, no estado ou no plano federal, o vice – a não ser quando substitui o titular ou exerce cumulativamente uma outra função executiva – é uma pessoa que está presente mas não tem poder de decisão.
Alguém que apenas paira no ar.
Com o advento da reeleição, porém, o vice deixou de ser propriamente um sujeito oculto para se tornar concreto.
Embora possa ficar uma administração inteira à espera de oportunidades, ele passa a ser figura exponencial na sucessão do titular.
Se o titular, por exemplo, se desincompatibiliza para concorrer a outro cargo, o vice assume de fato e de direito e pode concorrer à reeleição com o poder de mando, o que faz uma grande diferença.
No atual quadro da política pernambucana em que cresce, cada vez mais, a convicção de que o governador Eduardo Campos vai se desincompatibilizar para concorrer à presidência, o vice-governador João Lyra Neto “só não será candidato à reeleição em outubro de 2014 se não quiser” – como afirmou esta semana um amigo de Lyra.
Este mesmo amigo acredita, porém, que o vice-governador não entraria numa aventura.
Só enfrentará a batalha se o governador Eduardo Campos o apoiar, mas, na hora determinada, dirá que tem, sim, o desejo de se submeter às urnas para continuar no cargo.
Para isso estaria verdadeiramente disposto a deixar o PDT e se filiar ao partido do governador, o PSB, onde já se encontra sua filha Raquel Lyra, atual deputada estadual.
Evitaria, com isso que, no momento apropriado, alguém alegasse que o candidato a governador da situação deveria ser um socialista, fazendo o seu sonho morrer no nascedouro.
Lyra até hoje não deu um pio sobre o assunto e há convicção de grande parte dos deputados estaduais do PSB de que, fiel a Eduardo, apoiará quem o chefe escolher, mesmo que não seja ele próprio.
Há, porém, controvérsias.
Um deputado do PSB, de estreita ligação com o Palácio do Campo das Princesas, comentava, reservadamente, esta semana que “todos ficam falando, notadamente na imprensa, que os pré-candidatos são apenas os secretários até o momento citados, mas João Lyra não é só um forte pretendente como, ao contrário dos demais, vai estar sentado na cadeira e com caneta na mão em 2014”.
Todo esse quadro demonstra que o governador, se candidato a presidente, vai precisar ter um grande jogo de cintura para mexer com as pedras do xadrez estadual sem correr o risco de um xeque-mate.
Na verdade, além dos secretários lembrados como prováveis candidatos a governador há, no entorno da Frente Popular, o próprio Lyra, o senador Armando Monteiro Neto (PTB) e o ministro Fernando Bezerra (PSB), todos querendo a mesma coisa.
Lyra, porém, ao contrário dos demais, estará no centro das atenções em qualquer cenário, o que só reforça o seu poder de fogo.
Se for candidato à reeleição, precisará compor com todos os atores acima para continuar competitivo, sobretudo diante da possibilidade clara de enfrentar, no mesmo campo, um nome apoiado pela presidente Dilma e pelo ex-presidente Lula.
Se não for candidato, vai precisar “ser” convencido de que vale a pena dar tudo de si para ajudar alguém que hoje é tão concorrente quanto ele.
A tarefa não será fácil.
Afinal, em termos de biografia, tão logo assuma o posto em definitivo ele vai passar a fazer parte do grupo seleto dos governadores pernambucanos.
Pouco importa se ajudando ou não a eleger o sucessor.
CURTAS Chapa Dirceu – A mais de um interlocutor, José Dirceu disse, em sua passagem recente pelo Recife, que a chapa ideal para o PT local em 2014 seria o ministro Fernando Bezerra candidato a governador a deputada Luciana Santos na vice e o deputado Eduardo da Fonte disputando senado.
João Paulo – O mesmo Dirceu, que só é menos ouvido no PT do que Lula, afirmou ainda que o ex-prefeito João Paulo deve mesmo compor a chapa proporcional, ajudando a eleger os demais petistas que são candidatos a deputado federal.
Cleiton Collins – Se a chapa de Dirceu vingar e Eduardo da Fonte for candidato ao senado, o pastor Cleiton Collins já deixou claro que será candidato a deputado federal.
No momento, Cleiton faz dobradinha com Da Fonte e tem o compromisso de ingressar no PP, abandonando o PSC, seu atual partido.