No Jornal do Commercio desta sexta-feira Moradores do Alto do Eucalipto, na Zona Norte do Recife, passaram a madrugada de ontem acordados e vigilantes.

Na manhã da última quarta-feira parte de uma barreira desabou, atingido uma casa e deixando pelo menos outras quatro em situação de risco na comunidade.

Com medo de que outro acidente acontecesse, vizinhos de quatro casas se revezaram, para acionar os amigos, caso houvesse novo deslizamento.

O problema na localidade é antigo.

O primeiro desabamento aconteceu em junho de 2011, quando parte de um muro de contenção rachou.

Uma casa logo abaixo, no bairro do Vasco da Gama, foi atingida e interditada.

Ninguém ficou ferido.

Dessa vez a chuva provocou outras rachaduras.

Canos de abastecimento d’água começaram a vazar e duas casas estão no limite da encosta destruída. “Não sabemos mais o que fazer.

Ontem à noite (terça-feira) uma técnica da Defesa Civil do Recife esteve aqui.

Disseram que era para as famílias deixarem as casas por conta dos riscos”, contou Aline Silva de Albuquerque.

A casa dela e a da mãe estão comprometidas. “Disseram que iriam levar a gente para um abrigo na Várzea.

Como?

Trabalhamos e vivemos aqui.

Nossos filhos estudam no bairro”, lembrou.

Os moradores alertados dizem que não têm parentes que possam abrigá-los.

O caso de Ana Paula Bezerra é ainda mais grave.

Mesmo sem novos deslizamentos, ela tem apenas um caminho para sair de casa. “Se houver outro acidente, não vai ter mesmo como sair daqui”, registrou, apontando outros locais de risco do bairro. É no terraço da pequena casa onde mora com o marido e dois filhos, de 8 meses e 6 anos, que Ana passa o tempo, com medo de um acidente maior. “Para onde vamos?”, indaga.

A Empresa de Urbanização do Recife (URB) disse ter realizado vistoria na quarta-feira passada e levantado as principais demandas do local.

Um pré-projeto já foi elaborado e o órgão vai solicitar agora um pedido de dispensa de licitação para que a obra possa ser executada em caráter emergencial.

A Secretaria-Executiva de Defesa Civil do Recife informou que vai colocar lonas plásticas no local, além de vistoria para avaliação do solo com a presença de um geólogo.

Divulgou também que uma equipe multidisciplinar reforçou os trabalhos na área onde houve deslizamento.

Técnicos e engenheiros visitaram a comandada para tomar medidas emergenciais, como a retirada das famílias.