Foto: JC Imagem/Arquivo Saúde Pública em Olinda: vergonha, ou falta dela.

Indignação. É a única palavra que me vem à cabeça depois de sair hoje (24), da Policlínica São Benedito, na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda.

Após meses de idas e vindas intermináveis a diversas policlínicas para consultas e exames, que muitas vezes não aconteciam por falta de material e atraso de médico, a cirurgia da minha tia, Regina Avelar, marcada para hoje, para a retirada de três cistos epdérmicos, não aconteceu por falta de material e medicamento.

Na verdade não aconteceu em partes.

Ao entrar na sala de pequenas cirurgias da policlínica, o médico pediu para que ela deitasse na maca, e fez a retirada de um sinal que não estava previsto.

Exatamente, ele tirou o que não precisava, colocou um esparadrapo em cima sem nenhum medicamento, porque não tinha mesmo, e pediu para que minha tia retornasse na segunda–feira (29) para que os outros procedimentos fossem feitos.

E que levasse o medicamento que está em falta, claro.

Eu estava esperando por ela do lado de fora da sala, num corredor lotado por pessoas que tentavam marcar consultas, e vi minha tia abrir a porta chorando por não ter conseguido mais uma vez cuidar da saúde como lhe é de direito.

Direito esse que parece não fazer parte do serviço público, já que o desrespeito começa no atendimento de péssima qualidade, onde a atendente pede num tom quase grosseiro para que as pessoas resolvam a ordem de entrada, porque ela não sabe quem chegou primeiro.

Diante de todo este descaso, fomos até a Secretaria de Saúde para reclamar e de lá fomos ao encontro do coordenador das policlínicas, Pedro Henrique, que remarcou o procedimento para o dia 30 de abril, na Policlínica Ouro Preto, e nos garantiu que acontecerá.

Durante esta manhã vi pessoas disputando espaço e vez para serem atendidas, uma idosa numa cadeira de rodas naquele mesmo corredor lotado onde eu esperava minha tia, e até gente quebrando o vidro da recepção seguido de uma justificativa meio esfarrapada de uma senhora que, pelo que entendi, trabalha na recepção e que disse: “a gente não tem culpa, a gente só tá seguindo ordens.

Vocês é que tem que botar a boca no trombone”.

E adianta?

Sim, sem dúvida me parece que é a única opção que temos antes que o ineficiente sistema de saúde pública nos mate, se não pela falta de atendimento, pela falta de vergonha.

Obrigada pelo espaço.

Arianne Galindo.