A íntegra do discurso de Jarbas Vasconcelos Na semana passada, mais precisamente no dia 17 de abril, o jornal “Folha de S.Paulo”, trouxe uma reportagem no seu caderno de economia com a seguinte manchete: “Copa leva país ao maior aperto desde o apagão de 2001”.

O levantamento da “Folha” mostra o quanto o Governo Federal gosta de andar na “corda-bamba” quando se trata da infraestrutura do País.

O PT, vira e mexe, faz questão de lembrar o racionamento de energia promovido em 2001 pelo Governo Fernando Henrique Cardoso.

No entanto, após 10 anos no poder, está evidente que os petistas não aprenderam com os erros alheios e mantém uma soberba que em nada ajuda a corrigir os problemas que insistem em expor a precária infraestrutura brasileira, de estradas, portos, aeroportos, ferrovias e geração de energia.

De acordo com a “Folha de S.Paulo”, o Governo da Presidente Dilma Rousseff decidiu economizar a água das hidrelétricas determinando o uso massivo das termelétricas, mais caras, mais poluentes.

Será a maior economia de água nas hidrelétricas desde o racionamento de 2001.

Pergunto-me o que seria do Governo Dilma se o Governo Fernando Henrique não tivesse incentivado a construção de novas termelétricas.

Pelo plano do atual Governo, os reservatórios das usinas do Sueste e do Centro-Oeste terão de alcançar, até o próximo mês de novembro, 47% da sua capacidade.

No Nordeste, a meta é atingir 35%.

Para a Empresa de Pesquisa Energética, a EPE, isso é suficiente para garantir o abastecimento de energia em 2014, ano no qual o Brasil sediará a Copa do Mundo.

Na matemática governamental, Senhor Presidente, o conjunto de hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que, na semana passada, estavam com 60,15% de armazenamento d’água, poderá perder 13 pontos percentuais nos próximos sete meses.

No caso da minha região, o Nordeste, o nível estava em 45,7%, podendo perder apenas 10 pontos percentuais.

Mais uma vez estaremos nas mãos de São Pedro, uma dependência tão criticada pelos governos do PT, mas que pouco, muito pouco se fez para que e ela deixe de existir.

A Presidente da República, que já subiu ao palanque eleitoral, tem agora se especializado em chamar de “pessimistas” aqueles que alerta o Governo para as falhas recorrentes em várias áreas de atuação governamental.

E quem mais entende de pessimismo no Brasil entre os nossos partidos políticos?

Quem votou contra praticamente todas as medidas que visavam modernizar o Brasil durante toda a década de 1990?

Quem votou com o Plano Real, contra o Proer, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal?

O Partido dos Trabalhadores.

Esse pessimismo desenfreado, Senhoras e Senhores Senadores, da prática do “quanto pior, melhor” só começou a mudar mesmo em 2003, quando Lula chegou à Presidência da República.

A partir daí, o PT abraçou o mercado, adotou o liberalismo econômico e passou a ser um otimista de “carteirinha”.

Eu não sou um pessimista, mas acho temerário depende das variações da natureza.

Só existe uma forma de enfrentar essa realidade dinâmica: com mais planejamento e menos improvisação.

Dia a dia, fica mais evidente que a fama de gestora da Presidente da República era apenas um recurso de marketing eleitoral do Senhor João Santana.

Essa preferência pelo “jeitinho” é possível ser encontrado em outras áreas, como na política econômica, com a adoção de medidas paliativas e localizadas, com se fosse possível tapar os buracos de um vazamento com apenas fita adesiva.

A mesma lógica prevalece no enfrentamento com a estiagem que extermina a economia do Semiárido nordestino.

O Governo Federal tinha todas as informações sobre o que estava para acontecer no clima do Nordeste, mas só foi agir quando os efeitos da falta d’água já eram devastadores.

Espero, sinceramente, Senhor Presidente, que funcione a “fita adesiva” das termelétricas.

Segundo a mesma reportagem da “Folha de S.Paulo”, sem hidrelétricas licenciadas e sem oferta de gás natural barato para as térmicas, o Governo Dilma será obrigado a aceitar o retorno das usinas movidas a carvão no leilão previsto para o próximo semestre. É a primeira vez que, em sete anos, que essas termelétricas terão acesso ao leilão, o que prova a situação alarmante do setor energético.

Ninguém aqui, no Senado da República, vai ficar torcendo para o Governo tropeçar e com ele arrastar o País ao imponderável.

Acredito que falo por mim e por todos os demais parlamentares da oposição.

O que não é razoável imaginar é que a gente deva ficar calado, passivo, achando que está tudo muito bem, que o Brasil é um paraíso, que não vive um apagão logístico; que a inflação está controlada, que a segunda maior região do País, que é o Nordeste, não vive a pior e mais trágica seca em meio século; que o País está muito bem preparado para receber um evento grandioso como é a Copa do Mundo de Futebol.

Pela forma agressiva com a qual o PT tem tentado eliminar potenciais adversários na disputa eleitoral do próximo ano, a própria Presidente da República tem consciência de suas limitações e dificuldades.

Quem sabe um pouco menos de improviso,, arrogância e prepotência ajudem a conduzir o Brasil de forma mais sensata e eficiente para o bem de todos nós.

Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.”