Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem Às 6h da manhã desta segunda-feira (15), cerca de 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reocuparam a fazenda Fruit Fort, na BR-234, em frente ao Aeroporto Senador Nilo Coelho, em Petrolina, no Sertão.
A fazenda foi ocupada pelos militantes do MST em agosto do ano passado, mas foram obrigados a sair por determinação da Justiça.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) investiga a produtividade da fazenda de manga, que já tem pendências com a Justiça do Trabalho.
No mesmo horário, o Engenho Juçaral, no município de Catende, Zona da Mata do Estado, foi ocupado por 80 famílias do MST.
O engenho pertence à Usina São Luiz.
Também foram ocupadas neste domingo (15) a Granja Serra das Varas, por 80 famílias, no município de Arcoverde; na Fazenda Sítio Chocalho, por 80 famílias, no município de São Caetano; e no Engenho Jacarapina, arrendado à Usina Santa Tereza, no município de Itaquitinga, por 60 famílias.
Em Pernambuco existem 163 acampamentos organizados pelo MST, somando um total de 16 mil famílias.
A maioria acampada há mais de cinco anos.
Os números servem como argumento para o grupo reivindicar reforma agrária no Estado.
Eles afirmam que o processo de reforma agrária está parada em Pernambuco.
Os dados de 2012 do Incra apontam que uma única área foi desapropriada em Pernambuco durante todo o ano.
Uma das principais finalidades do instituto é “promover e executar a reforma agrária visando a melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social”.
Com as ocupações de terra trabalhadores rurais esperam pressionar para que o Instituto cumpra sua finalidade.
Dados do relatório do Incra de 2009 (último ano em que um estudo do tipo foi realizado pela entidade), 57% dos latifúndios cadastrados em Pernambuco são improdutivos, somando um total de 411.657 hectares de terras improdutivas no Estado.
O MST afirma que a área é mais do que suficiente para assentar as famílias que acampam hoje no Estado.
O grupo lembra ainda que há muitas áreas devedoras da União e que desrespeitam as legislações trabalhistas e ambientais, tornando-se, portanto, passíveis de desapropriação para Reforma Agrária, segundo a Constituição Federal.
Desde sua criação, em 1975, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) se defronta com a grave situação no campo brasileiro, onde os conflitos pela posse da terra geram a violência e a morte de trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Essa violência começou a ser registrada pela CPT ainda na década de 70.
Segundo dados do Caderno Conflitos no Campo no Brasil 2011, publicado pela CPT anualmente, O ano de 2011 marcou um crescimento de 15% no número total de conflitos no campo em relação ao ano anterior.
Os conflitos por terra apresentaram um crescimento mais expressivo, passando de 835 em 2010 para 1.035 em 2011, uma elevação de 24%.
O maior índice se deu na região Nordeste, que teve uma elevação de 34,1% - um total de 495 conflitos, envolvendo 43.794 famílias.
Debate com a sociedade Além das ocupações de terra, o MST está promovendo algumas ações na capital pernambucana para debater com a sociedade durante a jornada de lutas.
Serão realizadas exibições de filmes, debates, feira de produtos orgânicos dos assentamentos e apresentações musicais em apoio ao MST e à Reforma Agraria.
A programação começa nesta segunda-feira (15) às 19h, com uma exibição do filme “Eles voltam”, do diretor Marcelo Lordello.
Nesta terça-feira (16) haverá um debate com João Pedro Stédile, às 19h, no Teatro Arraial, após a exibição do vídeo “O Veneno está na Mesa”, do cineasta Silvio Tendler.
E na quarta-feira (17), dia Nacional de Luta pela Reforma Agraria, há uma feira de produtos orgânicos de assentamentos da Região Metropolitana e apresentações musicais de repentistas e música nordestina, às 11h, na Casa da Cultura.
A programação será encerrada às 19 horas no Teatro Arraial, com exibição do curta “Vidas Cheias”, sobre experiências de assentamentos da reforma agraria na convivência com o semiárido nordestino, e do Media-metragem “Raiz Forte”, um retrato da organização do MST que os meios de comunicação não mostram.