Por Otávio Batista No Jornal do Commercio desta sexta-feira Assunto sempre polêmico, a participação do governo dos Estados Unidos na instauração e manutenção de ditaduras militares na América Latina, durante as décadas de 1960 e 70 no contexto da Guerra Fria, foi levantada ontem durante audiência pública da Comissão Estadual da Verdade Dom Helder Câmara.
O jornalista Ivan Seixas, ex-preso político e coordenador da Comissão da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa de São Paulo, trouxe a informação de que oficiais americanos participavam de interrogatórios com presos políticos brasileiros.
A denuncia foi do ex-deputado e ex-preso político Ricardo Zarattini em depoimento à Comissão Rubens Paiva, em São Paulo, no qual afirmou que o então vice-cônsul dos EUA no Recife, Richard H.
Melton, participou pessoalmente de uma sessão de tortura sua, na capital pernambucana.
Apesar de não ter praticado pessoalmente atos de tortura física, o diplomata fez perguntas sobre a relação de Zarattini com os EUA, enquanto ele era torturado.
Ricardo Zarattini vem ao Recife para depor à Comissão Dom Helder Câmara na próxima quinta (18), em audiência sobre o Partido Comunista Brasileiro, e deve prestar mais esclarecimentos sobre a atuação de Richard Melton.
Quando foi indicado para o cargo máximo da diplomacia norte-americana no Brasil, em 1989, o nome de Melton ficou “preso” por aproximadamente um mês e meio antes de receber autorização para exercer a função de embaixador.
A autorização só foi concedida depois que um documento do Ministério da Justiça, encabeçado na época por Fernando Lyra, negava o envolvimento do diplomata em torturas. “Não acredito de jeito nenhum que Fernando Lyra tenha envolvimento com esse documento, mas precisamos saber o que aconteceu”, disse Ivan Seixas.
Na audiência, ficou decidido que a as Comissões Dom Helder Câmara e Rubens Paiva oficiarão em conjunto o Ministério da Justiça para apurar o caso.
Ainda sobre a atuação dos EUA na América Latina, Ivan Seixas falou que existem informações que dão conta do treinamento de militares chilenos e uruguaios no Brasil, sob a supervisão de americanos, até dois anos antes de 1973 - quando foram instalados governos militares nos países.
Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta sexta-feira.
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