O governador Eduardo Campos criticou a antecipação do debate eleitoral, ao discursar na Federasul (Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul), na tarde desta terça-feira (09/04), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “É hora de unir e não de dividir. É hora de pensar em política e deixar para pensar em eleição em 2014”.
Eduardo reforçou a necessidade de “preservar o que construímos” nos últimos 30 anos de democracia. “Até porque, se deixarmos que se perca tudo de bom que acumulamos, o que vai estar em disputa no ano que vem?
Precisamos fazer um debate sobre tudo o que não houve em 2010, quando não se discutiu a fundo as questões, com uma responsabilidade que caberia a todos nós.
Assuntos secundários tomaram vez e não se fez um debate profundo e que hoje está fazendo falta”, afirmou Eduardo.
O governador foi o principal palestrante do evento “Tá na Mesa - Conversa com…”, ciclo de debates realizado pela Federasul.
Convidado pelo presidente da entidade, Ricardo Russowsky, discorreu sobre as parcerias entre Estado e sociedade para promover o desenvolvimento.
Eduardo cobrou a responsabilidade de lideranças políticas, empresariais e do mundo do trabalho e da academia para a realização de um debate profundo, aberto e sem preconceitos sobre o futuro do Brasil. “Temos que focar o que é estratégico e deixar o conjuntural para o momento certo", pontuou. “Mais do que um jogo de nomes, é hora de pensar no estratégico.
Pensar para o amanhã.
Não estamos aqui para afrontar absolutamente ninguém.
Estamos aqui porque percebemos que as coisas não vão bem e precisam melhorar.
Deixar claro o rumo que vai ter esse País, quais as regras que vamos jogar, como cada um vai ajudar”, afirmou Eduardo para uma plateia de cerca de 400 empresários e políticos que lotaram o salão de eventos da instituição.
Eduardo ressaltou que o Brasil não pode continuar assistindo “às contradições que nos constrangem”. “Essas contradições precisam ser respondidas com regras claras.
Não podemos assistir as riquezas nacionais sendo exportadas, sem agregação de valor”, disse o governador, citando como exemplo desta realidade o fato de o país exportar minério de ferro e importar trilhos para obras como as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina.
A situação dos municípios brasileiros também foi apontada por Eduardo como preocupante. “Não é normal que 96% dos municípios estejam inadimplentes.
Não há outro caminho para construir esse processo se não olharmos também as experiências que surgem nos Estados afora, construindo parcerias entre a iniciativa privada e o poder público, fazendo transformações efetivas na realidade de cada local”, observou.
O governador lembrou ainda que a “velha política” não vai permitir as mudanças necessárias na vida pública brasileira, ressaltando assim a necessidade de novos hábitos. “Eles não podem nos constranger de dizer com todas as letras que o novo não nasce sem dor. É isso que estamos dispostos a fazer.
Dentro desse Brasil que acha que melhorou, há um Brasil que pede, que clama, que sonha, que se encanta de ir ainda mais longe. É esse diálogo que queremos fazer para que possamos ter as ideias que vão reunir o Brasil em torno dos objetivos do País”, colocou Eduardo, bastante aplaudido pelos empresários.
Após responder às perguntas dos empresários, o governador comemorou a participação na Federasul e destacou a necessidade de se discutir mais os rumos da nação. “Viemos para cá animados com o que podemos fazer se acreditarmos no diálogo, sem ninguém adotando posição de dono da verdade.
Mas nós temos que pensar juntos para pensar no que pode fazer o Brasil dar o salto.
Essa é uma hora que o País não pode prescindir das suas lideranças empresariais, das lideranças sindicais, da colaboração da academia”, finalizou.