Romário Henrique, de Lagoa de Itaenga Municípios menores sofrem com a falta de segurança pública.

Dados da União revelaram que, após longos 14 anos, Pernambuco deixou de figurar entre os Estados mais violentos (em 2009 era o terceiro), passando a assumir a quarta posição em 2010.

A pequena mudança no ranking nacional é um tímido avanço, sobretudo em municípios com menos de 100 mil habitantes, que se destacam como campeões da violência no Estado, em um dos países em que mais se mata no mundo.

Mesmo com a lei do desarmamento (2003) e o lançamento do Pacto pela Vida, do Governo do Estado (2007), Pernambuco não trouxe bons resultados para pequenos municípios, a exemplo de Lagoa de Itaenga, Zona da Mata do Estado.

Esta semana, na pequena cidade de 20mil habitantes, um acerto de contas entre traficantes de drogas da cidade interrompeu a vida de um jovem de 16 anos.

Ele estava no centro da cidade quando dois elementos desconhecidos, em uma moto, efetuaram três disparos, atingindo-o na cabeça.

Na cidade vizinha a essa, Carpina, 75mil habitantes, somente este ano foram registrados 14 homicídios.

O derradeiro, até o fim desta reportagem, foi outro jovem de 16, morto a facadas na madrugada da sexta-feira (5), em um bairro da cidade. É cada vez mais frequente falar sobre o assunto.

Quase sempre com contextos semelhantes, envolvendo tráfico de drogas e furtos.

Se pesquisarmos no Google sobre homicídios no interior de Pernambuco, podemos encontrar mais de um milhão em resultados.

A comparação entre os municípios mais violentos (por índice de habitantes) pode ser conferida no gráfico.

Pode-se verificar que, quanto menor o tamanho do município, menos resultado na queda de homicídios registrados.

Nada muda No ano passado, nesse mesmo período, o município de Lagoa de Itaenga vivenciava a atual deficiente falta de segurança.

A sociedade civil da cidade, indignada com os altos índices de violência, organizou o Movimento Itaenga Pela Paz, com o objetivo de protestar e alertar as autoridades constituídas para a carência a qual o município estava exposto.

A imprensa deu destaque.

O Governo do Estado foi acionado.

Um ano se passou, contudo, os assaltos, roubos, furtos e assassinatos continuaram sendo a triste rotina dos moradores da cidade. “Este é só apenas um dos sintomas da decadência de nossa sociedade e sistema.

Falta segurança, assim como falta investimento em educação e políticas eficientes de geração de emprego e renda.”, comentou o internauta Wanderson Ricardo, em post publicado no Facebook “Movimento Itaenga Pela Paz”.

Com uma delegacia desestrutura e um efetivo composto por apenas quatro PMs, a cidade fica vulnerável a violência.

O Pacto pela Vida não funciona.

As metas de redução de mortalidade não baixam.

O Governo do Estado não chega aos pequenos municípios.

E enquanto não chega, os moradores da pequena Lagoa de Itaenga vão vivendo o drama da insegurança e luta pela sobrevivência.

Mas continuam contribuindo com os impostos, implorando por atenção e vida digna.