Os membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara realizam, nesta quinta-feira, 04 de abril, a partir das 9h, sessão pública com objetivo de apurar as circunstâncias das mortes de três militantes pernambucanos do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR): Lourdes Maria Wanderley Pontes (29 anos, estudante); José Bartolomeu Rodrigues de Souza (26 anos, secundarista) e Fernando Augusto Valente da Fonseca (23 anos, bancário).

O evento é aberto ao público e acontece na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe), no campus UFPE, cidade universitária.

Os relatores destes casos são os membros da CEMVDHC, Nadja Brayner e Roberto Franca.

A reunião é presidida pelo coordenador, Fernando Coelho.

Durante a sessão pública, serão ouvidos: Paulo Pontes da Silva (ex-preso político e viúvo de Lourdes Maria Wanderley Pontes); Tereza Cristina Wanderley Corrêa de Araújo, (prima de Lourdes Maria) e Theodomiro Romeiro dos Santos (ex-preso político.

Primeiro condenado à pena de morte no Brasil.

Teve a punição comutada para prisão perpétua em 1971, pelo crime contra o sargento da Aeronáutica, Walder Xavier de Lima).

Segundo a comissão, a versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança à época foi de que os militantes teriam morrido em intenso tiroteio com os órgãos de repressão no dia 29 de dezembro de 1972.

Lourdes Maria no aparelho localizado à Rua Sargento Walder Xavier de Lima, em Bento Ribeiro-RJ; Já Fernando Augusto e José Bartolomeu, em Grajaú-RJ, sendo os corpos parcialmente carbonizados em virtude de incêndio que teria atingido o carro fuscão onde se encontravam. “Há testemunhas, já ouvidas na Comissão Dom Helder, que afirmam que Fernando Augusto foi morto sob torturas no DOI-CODI de Recife, sendo o corpo levado para o Rio de Janeiro, para compor o cenário do tiroteio.

Há também relato de que José Bartolomeu foi assassinado sob tortura no DOI-CODI RJ.

Não há ainda informações sobre as circunstâncias reais da morte de Lourdes Maria”, explica Nadja Brayner, uma das relatoras. “Busca-se, com estes depoimentos, além do esclarecimento de questões ainda desconhecidas, a identificação dos agentes da repressão responsáveis por estes homicídios”, completa Brayner.

Segundo registro contido no livro “Os filhos deste solo”, de autoria de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, os militantes do PCBR, teriam sido vitimas de um “Teatrinho de Vingança”.

Foi escolhido o dia 29 de dezembro como suposta data das mortes em virtude do aniversário de Theodomiro Romeiro, que ao ser preso (27.10.1970), junto com Paulo Pontes (viúvo de Lourdes), em Salvador -Bahia, teria sido o autor do tiro que matou o agente da repressão (sargento da Aeronáutica, Walder Xavier de Lima) evitando desse modo a prisão de Getúlio de Oliveira Cabral, parceiro militante.

Já a Rua Sargento Walder Xavier (homenagem ao agente assassinado) ficou como o cenário para a montagem da versão sobre a morte de Lourdes Maria.