Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Por Adriana Guarda, do Jornal do Commercio São Bento do Una – Um cemitério de animais a céu aberto. À beira das estradas que cortam o Agreste e o Sertão de Pernambuco, a cena desoladora do gado morto se repete. É o rastro da maior seca dos últimos 40 anos no Nordeste, que até agora contabiliza prejuízo de R$ 1,5 bilhão somente para a pecuária do Estado.
Em março, a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) fez um levantamento em 300 propriedades do Agreste e 300 do Sertão para calcular as perdas na atividade.
Os resultados foram compilados pelo Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) e apontam para uma redução de 72% na produção de leite, a mortalidade de 168.356 animais e o fim da atividade em 17% das propriedades. “Um dado que chama atenção na pesquisa é o fato de 51% das propriedades não contar com qualquer reservatório de água para se prevenir num ciclo de estiagem.
Por isso, um dos nossos pleitos junto ao governo Federal será a criação de um financiamento específico para infraestrutura”, diz o secretário estadual de Agricultura, Ranilson Ramos, que na última quarta-feira visitou o polo de entrega de cana-de-açúcar para alimentação do gado em São Bento do Una (Agreste).
O secretário defende que equipar as propriedades com reservatórios é uma etapa que precisa vir antes da compra de novos animais para recompor o rebanho.
A solicitação do governo é para que o Banco do Nordeste (BNB) ofereça condições semelhantes ao financiamento para custeio da bovinocultura (compra de ração e insumos), com juro de 1% ao ano, carência de 4 anos, prazo de 10 anos para pagar e rebate de 40% se o pecuarista pagar em dia.
Outra reivindicação dos criadores é a paralisação imediata da cobrança das parcelas vencidas de empréstimos pelos bancos oficiais.
Muitos defendem não só a suspensão das cobranças, mas anistia das dívidas.
Sem condições sequer de alimentar e oferecer água ao gado, os pecuaristas acumulam perdas e alegam não ter condições de honrar os financiamentos nessa circunstância.
O pleito será encaminhado à presidente Dilma Rousseff, na próxima terça-feira, em Fortaleza, durante reunião com os governadores dos Estados atingidos pela seca. “Governos, empresas e produtores terão que empreender uma força-tarefa para enfrentar essa seca.
Algumas ações estão acontecendo, mas ainda são poucas para resolver o problema.
O que precisa mesmo é chover, mas as previsões não são animadoras”, diz o presidente da Cooperativa de Produtores de Leite do Agreste Meridional (Cooplam) em Garanhuns, Evandro Branco Filho.
A mão do governo precisa mesmo atuar porque 80% da produção leiteira está concentrada nas propriedades familiares, com criação de até 30 animais.
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