Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB, especial para o Blog de Jamildo Em 1959, ao criar a Sudene, órgão destinado a promover o desenvolvimento do Nordeste, o presidente Juscelino Kubitschek fez questão de deixar registrado, em seu discurso, a participação dos bispos do Nordeste na mudança das políticas federais para esta região. “Esta iniciativa do Governo Federal é devida, forçoso proclamar, à inspiração caridosa da Igreja e ao desejo enérgico de salvar da miséria tantos valorosos patrícios nossos, manifestada pelos pastores espirituais do Nordeste”.
Com forte influência entre as famílias nordestinas – ainda hoje é a religião de mais de 80% dos sertanejos – a Igreja Católica, sob inspiração de Dom Hélder Câmara, na época um dos dirigentes da CNBB, realizou na década de 50 dois encontros históricos de denúncia à respeito do sofrimento da população pobre do Nordeste e da exploração política dos projetos de emergência.
O primeiro desses encontros aconteceu em 1956, em Campina Grande, quando a Sudene começou a ser gestada através de debates em que os bispos reivindicavam a criação de um órgão regional de aglutinação para cuidar da região.
Diziam que o DNOCS e BNB agiam por conta própria sendo, por isso, débeis no tratamento das questões maiores.
Neste encontro o presidente Juscelino esteve presente e disponibilizou técnicos federais para auxiliar os bispos nas propostas que discutiam.
O segundo encontro aconteceu em Natal, em 1959, após uma grande seca, e no qual o clero, ao mesmo tempo em que apresentava a proposta consolidada de criação da Sudene – concretizada no final do ano por Juscelino – combatia com vigor a indústria da seca.
A Sudene acabou fracassando em seu propósito inicial e terminou sendo fechada – hoje é apenas uma agência da qual se tem pouco conhecimento.
Mesmo envolvida com denúncias de corrupção conseguiu, porém, enquanto existiu, pelo menos agilidade no socorro aos flagelados da seca.
De lá para cá, ninguém mais cuidou disso.
As secas continuam, os problemas são os mesmos, e a única diferença talvez sejam as estradas que estão permitindo a migração mais acelerada dos jovens sertanejos.
Desta vez não mais para São Paulo, mas para a periferia das grandes cidades nordestinas onde acabam, por falta de oportunidades, sendo vítimas das drogas e da violência.
Este ano, 57 anos depois do primeiro grito dos bispos nordestinos e quando o Nordeste volta a sofrer uma seca, são os bispos novamente que tentam despertar os homens públicos e a sociedade para o problema.
Por iniciativa do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, eles se reuniram nesta capital na semana passada com as lideranças dos trabalhadores rurais de toda a região para apresentar à sociedade o resultado de uma parceria entre a Igreja e as organizações sociais do campo que resultou na elaboração do documento “Diretrizes para a Convivência com o Semiárido”.
Se em 1950 o projeto era o Nordeste como um todo, incluindo o litoral, desta vez, dentro das novas diretrizes pastorais representadas pela eleição do novo papa Francisco, os bispos chamam atenção para a agricultura familiar.
Não mais acreditam que se possa acabar com a seca a partir dos técnicos plantados no litoral.
Desejam que projetos simples, muitos já testados por iniciativa das dioceses do sertão e organizações de trabalhadores, sejam implementados para que as famílias possam, mesmo em tempo de estiagem, garantir o mínimo para sobreviver e para salvar os animais.
Embora chamem atenção para a necessidade de reforma agrária e da integração de bacias do Rio São Francisco, defendem a adoção de “sistemas simplificados de abastecimento d’ água, pequenas barragens, cisternas de placas, bem como a contínua instalação de poços tubulares, barragens subterrâneas, açudes, adutoras de pequeno e médio porte para que se consiga, definitivamente, erradicar a utilização de carros-pipa”.
Não se sabe se serão ouvidos.
Se em 1956 e em 1959 conseguiram que o próprio presidente estivesse em seus encontros, desta vez a presidente Dilma e o governador Eduardo Campos não compareceram.
O Governo Federal mandou um técnico de segundo escalão e o estado de Pernambuco, o seu secretário da agricultura.
CURTAS Com Dilma – O PP de Pernambuco, dirigido pelo deputado federal Eduardo da Fonte, que cerrou fileiras com o PT na eleição do Recife em 2012, pretende em 2014 continuar no mesmo caminho, apoiando a candidatura à reeleição da presidente Dilma.
Da Fonte já trabalha, fortemente, com este objetivo.
PSB – Na Assembleia Legislativa, a maioria dos deputados da base do Governo está convencida de que o candidato a governador da base governista em 2014 será do PSB.
O raciocínio é o de que, mesmo vindo a confirmar sua candidatura a presidente, o governador quer no comando do Estado uma pessoa de sua mais absoluta confiança para que, perdendo a eleição nacional, possa garantir um palanque para se candidatar novamente em 2018.
Federal – O presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), acha que a eleição de deputado federal em 2014 será mais difícil do que a de deputado estadual, ao contrário do que ocorreu em 2010.
Disse que há tantos candidatos novos a deputado federal com envergadura que muita gente hoje com mandato em Brasília corre o risco de não voltar para lá.