Por João Carvalho, repórter do Jornal do Commercio Especial para o Blog de Jamildo Sempre andei de ônibus.

Nunca tive vontade de usar o carro, principalmente diariamente.

Mesmo antes do caos que se transformou a Região Metropolitana do Recife, como seus milhares de veículos, tentando um espaço aqui ou ali, todo santo dia, nas vias quase sempre congestionadas.

Por isso mesmo, o ônibus sempre foi uma opção bacana para usar.

Desde que era adolescente, usava o coletivo para tudo.

Escola, passear, enfim, todo o descolamento era feito através de transporte público.

Ainda hoje é assim.

Vou e volto do trabalho de ônibus.

Quando é possível, aproveito uma carona com minha companheira, que usa o único carro da nossa família.

Nos finais de semana, quando necessário, ambos andamos de ônibus.

Mas a questão é que a situação vem piorando cada vez mais.

Essa semana, em especial, notei a falta de competência para a fiscalização do transporte público, principalmente no Recife.

Em dois dias, ficou claro a falta de cuidado com a população, com o usuário, que tem descontado no seu salário o valor da passagem.

O serviço era para ser, no mínimo, pontual.

Com destaque para os horários mais cedo, pela manhã.

O que justifica o usuário chegar num ponto, às 6h15 da manhã, e o ônibus não passar até às 6h50? “O que adianta fazer campanha para deixar o carro em casa, se não temos suporte?”, pensei.

Voltei para casa e peguei a carona.

No dia seguinte, resolvi sair mais cedo.

E para sair mais cedo, quer dizer que você precisa “adiantar” sua vida.

Levantar uma hora mais cedo nem foi o problema.

A gente se acostuma.

O que causa indignação é chegar meia-hora mais cedo no ponto.

E ficar esse tempo, mais o tempo do dia anterior, e o ônibus não passar.

Faço os velhos questionamentos.

Adianta a Prefeitura do Recife instalar ciclofaixas, montar rodízio de veículos, se do outro lado as operadoras não dão o suportes de coletivos?

Quais os requisitos para concorrer à prestação de serviços de transporte público?

Depois da concorrência ganha, existe fiscalização?

Existe um acompanhamento de perto dos ônibus que abastecem a Região Metropolitana do Recife?

Você, amigo, já viu algum fiscal na rua, observando o estado dos coletivos, como os profissionais estão dirigindo, se, por acaso, estão obedecendo a lei do uso do som?

Eu sinto vergonha alheia, por exemplo, quando vejo que o cidadão comum tem que sair de casa para colar em pontos de ônibus, avisos mostrando quais os coletivos passam ali.

Como está fazendo o movimento “Que Ônibus Passa Aqui?” , já ganhando as ruas do Recife, Olinda e Jaboatão.

Um trabalho que era para ser feito por órgãos pagos por mim e por você.

Mas, infelizmente, ninguém faz.

Pesquisando no site do Grande Recife Consórcio de Transporte, encontra a seguinte pérola: “…Hoje, a ouvidoria aparece como uma das mais procuradas do Estado.

Desde janeiro deste ano (n.do e.: não sei a que ano eles se referem), foram realizados 2.753 registros.

Mas nem sempre foi assim.

Em 2007, o órgão começou a operar com apenas 11 manifestações de usuários.

No ano seguinte o número subiu para 1.568, um número quase oito vezes menor que o ano de 2009”.

Pois é.

Me diga se devo ter orgulho desse fato.

Se for, os valores foram invertidos e eu não peguei esse bonde.

Já que de ônibus, deve atrasar…

Fica aqui uma dica, inclusive copiada do mesmo site citado acima.

Para informações e reclamações sobre o Sistema de Transporte Público de Passageiros, o Grande Recife Consórcio de Transporte disponibiliza serviço com ligação gratuita, pelo telefone 0800-0810158, das 7h às 19h, de domingo a domingo.

Os usuários e lideranças comunitárias podem entrar em contato com a Gerência de Relacionamento através dos telefones 3182.5552 / 3182.5553 / 3182.5554.

Se você quiser usar a internet, a página da ouvidoria é www.granderecife.pe.gov.br/ouvidoria.asp Agora me permitam ir embora.

Tenho que me preparar.

Amanhã vou acordar mais cedo ainda, para tentar pegar meu ônibus.

Só tenho medo de ter que, um dia, dormir no jornal.

Para não me atrasar.