Por Daniel Coelho, líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa Especial para o Blog de Jamildo São muitas as frases que tentam explicar a política.

Se fala bastante no vento que sopra e leva as nuvens, fazendo a cada instante uma nova visão do horizonte.

Mas, mesmo considerando os ventos, até que ponto um político pode mudar de opinião sem desrespeitar o eleitor?

Discursos fáceis têm sido empregados por alguns ao longo do tempo para tentar ganhar simpatizantes e, consequentemente, faturar votos.

Pernambuco foi marcado por muito tempo por um discurso anti-privatizante envolvendo a venda da Celpe.

O PSB, de Campos e Arraes, condenou por muito tempo o governo Jarbas por ter efetuado a venda da antiga estatal, num gesto de oportunismo e com a coragem de tentar distorcer fatos como se eles fossem as colheres entortadas por Uri Gueler.

Tanto Jarbas como Arraes ou Campos, todos trabalharam para vender a Celpe.

Porém, o PSB, que tentou vender a empresa em seu governo e não conseguiu, depois veio para o discurso fácil e falso de que a privatização tinha sido feita apenas por Jarbas.

Hoje o assunto morreu, pois Jarbas e Campos se tornaram aliados.

O tema das privatizações, alias, tem sido corrente na boca dos oportunistas.

Sejam do PT ou do PSB, a regra é ser contra privatizações dos governos dos outros.

No poder, contudo, se utilizam de outra nomenclatura para realizar a entrega de serviços púbicos à iniciativa privada.

E a defendem como de interesse publico.

Aí estão os aeroportos do PT ou o esgotamento sanitário do PSB, só para citar alguns exemplos.

Um outro caso, menos curioso, tem sido a respeito da relação do PSB com o PSDB.

Dependendo da situação, a opinião “socialista” muda bastante a respeito do partido social democrata.

Quase sempre, quando o PSDB é governo, a sigla é encarada como progressista e eficiente pelo PSB.

Está aí o exemplo de São Paulo, Minas Gerais ou Paraná, estados onde, concidentemente, o PSDB tem governador e recebem o apoio do PSB.

Porém, onde PSDB é oposição e o PT é governo, temos um cenário inverso: o PSB virá aliado do PT e demoniza o PSDB.

Mas será que o PSDB do estado de São Paulo e tão diferente do mesmo partido na capital?

O último capítulo dessa novela aconteceu na última semana, com a declaração de Campos sobre o ex-governador José Serra.

O pernambucano afirmou ter mais afinidades com Serra do que com vários aliados seus e do PT.

Isso poucos meses depois de o seu partido ter colocado peças publicitarias da campanha do PSB para prefeito do Recife, “acusando” a nossa candidatura de ter o apoio do Serra.

O ex-ministro era vendido como um vilão digno da repulsa de todos e capaz de fazer o eleitorado recifense deixar de votar num candidato que ele apoiasse.

Agora, por algum motivo que precisa ser explicado, tudo muda.

Serra se torna progressista e cheio de afinidades com Campos.

Fica difícil de entender.

Até porque, na boca dos socialistas, o PSDB transita entre “direitistas neoliberais” e “modernos esquerdistas lutadores da democracia contra a ditadura”.

Será que o PSB tem, realmente, opinião sobre alguma coisa?

Ou o que falam está ligado a meras circunstâncias?

O que peço agora – e a sociedade também – é honestidade no debate.

Que os fatos sejam tratados como fatos e não rebatidos com afirmações oportunistas.

Eu já estava cansado de ver o governo rebater qualquer critica com a mesma resposta, “culpa da herança maldita do governo Jarbas”.

Com a aliança com senador do PMDB, a resposta mudou para acusações aos governos de Serra e Geraldo Alckmin, em São Paulo.

Mas agora que, ou Serra mudou de história, ou Campos mudou de opinião sobre a política, quem sabe as críticas a problemas na educação ou saúde sejam respondidas apenas com soluções e não ataques a terceiros.

De todo jeito, uma reflexão merece ser feita: quem será que mudou?

Serra ou Campos?