Valor Econômico: Seu governo viabilizou projetos essenciais para o rumo que a economia pernambucana tomou, como o polo petroquímico e a fábrica da Fiat.
A pré-candidatura Eduardo Campos, que agrega adversários fidagais de seu governo, como Jarbas Vasconcelos e Roberto Freire, e anima até José Serra, é uma traição?
Lula: Não.
Minha relação de amizade com Eduardo Campos e com a família dele, que passa pela mãe, pelo avô e pelos filhos, é inabalável, independentemente de qualquer problema eleitoral.
Eu não misturo minha relação de amizade com as divergências políticas.
Segundo, acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo.
Ele é um jovem de 40 e poucos anos.
Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado.
Me parece que não tem vontade de ser senador da República nem deputado.
O que é que ele vai ser?
Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na política brasileira, tão necessitada de novas lideranças.
Se tirar o Eduardo, tem a Marina que não tem nem partido político, tem o Aécio que me parece com mais dificuldades de decolar.
Então é normal que ele se apresente e viaje pelo Brasil e debata.
Ainda pretendo conversar com ele.
A Dilma já conversou e mantém uma boa relação com ele.
Valor: Já que o senhor tem uma relação tão forte de amizade com ele, vai pedir para Eduardo Campos não se candidatar?
Lula: Não faz parte da minha índole pedir para as pessoas não se candidatarem porque pediram muito para eu não ser.
Se eu não fosse candidato eu não teria ganho.
Precisei perder três eleições para virar presidente.
Eu não pedirei para não ser candidato nem para ele nem para ninguém.
A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha ministra o tempo que ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram para eu falar com ela para não ser candidata e eu disse: “Não falo”.
Acho bom para a democracia.
E precisamos de mais lideranças.
O que acho grave é que os tucanos estão sem liderança.
Acho que Serra se desgastou.
Poderia não ter sido candidato em 2012.
Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai dar certo.
Poderia estar preservado para mais uma.
Mas Serra quer ser candidato a tudo, até síndico do prédio acho que ele está concorrendo agora.
E o Aécio não tem a performance que as pessoas esperavam dele.
Valor: Quem é o adversário mais difícil da presidente: Aécio, Marina ou Eduardo?
Lula: Não tem adversário fácil.
O que acho é que Dilma vai chegar na eleição muito confortável.
Se a gente trabalhar com seriedade, humildade e respeitando nossos adversários e a economia estiver bem, com a inflação controlada e o emprego crescendo, acho que certamente a Dilma tem ampla chance de ganhar no primeiro turno.
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