Por Raul Henry O Brasil realizou conquistas educacionais consideráveis nos últimos 20 anos: praticamente universalizou a oferta do ensino fundamental, criou sistemas de avaliação e financiamento, reduziu a defasagem idade-série e as taxas de analfabetismo e aumentou a escolaridade média da população.
No entanto, no que diz respeito à qualidade da escola pública, os números denunciam uma estagnação inaceitável e nefasta para o país.
Os dados do Saeb/Prova Brasil, do próprio Ministério da Educação são implacáveis: Para o quinto ano (antiga quarta série): Em língua portuguesa: em 1997, 36% tinham o conhecimento adequado; em 2011: 40%.
Em matemática: em 1997, 21%; em 2011: 36%.
As natícias razoáveis ficam por aí.
Para o nono ano (antiga oitava série): Língua portuguesa: em 1997, 32%; em 2011, 27%.
Matemática: em 1997, 17%; em 2011, também 17%.
Para o terceiro ano do ensino médio: Língua portuguesa: em 1997, 40%; em 2011: 27%.
Matemática: em 1997, 18%; em 2011: apenas 10%.
Tudo isso diante dos nossos olhos e, praticamente, não há qualquer repercussão no país.
Nenhuma crise no governo.
Nenhuma comoção nacional.
Para reafirmar esse quadro, o mais amplo sistema de avaliação do mundo, o Pisa, patrocinado pela OCDE, confirma esses números, com um agravante, denuncia o nosso apartheid educacional: na sua última edição, realizada em 2009, com 65 países, se o Brasil fosse representado apenas pela rede privada, ocuparia a 18ª posição.
Se fosse representado apenas pela rede pública, ficaria no 59° lugar, nesse ranking.
Esse apartheid é mais perverso porque suas vítimas não percebem essa tragédia.
Pesquisa do Inep, órgão do MEC, sobre a satisfação dos pais com a escola pública mostra elevada aprovação.
Eles dão nota 8,5 às escolas dos seus filhos.
Diante desse quadro desalentador, que revela estagnação e retrocesso; diante da inexistência da imprescindível pressão social sobre a qualidade da escola; o que fazer?
Quem vai garantir o direito de aprendizagem de aproximadamente 90% das nossas crianças e jovens, que frequentam a escola pública?
Esse drama é nacional, está presente no país inteiro.
Caberia, portanto, ao governo federal coordenar a solução: estabelecer um currículo nacional claro e objetivo, assumir responsabilidades com uma carreira docente atraente, usar seus instrumentos normativos para requalificar a formação dos professores e ser ágil com os sistemas de avaliação para fazer correção de rumos.
Frente à paralisia e à leniência de quem tem a obrigação de liderar este processo, nós, no Congresso Nacional, temos que fazer nossa parte.
A favor das nossas crianças e dos nossos jovens; a favor das futuras gerações, este parlamento tem a obrigação de aprovar uma lei de responsabilidade educacional.
Ou levamos a sério a educação publica no Brasil, ou jamais este será um país verdadeiramente justo, democrático e desenvolvido.
Raul Henry é deputado federal por Pernambuco e pertence aos quadros do PMDB.
Leia também: Em evento com Dilma, população cobra mais investimentos em educação Educação distante das metas.
Por Paulo Rubem Escola Municipal da Mangabeira convive com tráfico de drogas no telhado A 500 metros da Prefeitura, escola municipal vive de doações No Prado, população espera há anos que escola seja transferida MPPE já tentou fechar escola com apenas três salas de aula, no Córrego da Areia Na Zona Norte, escola sem estrutura deixa alunos desconcentrados com o calor Falta de estrutura das escolas é o principal entrave para a aplicação da Lei do Piso no Recife