Da Agência Estado Mesmo sem assumir oficialmente sua candidatura à presidente em 2014, o governador Eduardo Campos (PSB) montou uma estratégia silenciosa que mira a maior fragilidade do governo Dilma Rousseff: o empresariado do Sudeste.

Preocupado em ouvir as queixas do setor e se apresentar como uma alternativa atraente para o “PIB brasileiro”, Campos vende a imagem de “grande gestor” nos encontros com empresários, que se tornaram mais frequentes nos últimos dias. “Ele está tateando (entre os empresários) para ver o clima”, revelou um aliado.

Embora seus assessores insistam que Campos sempre manteve contato estreito com o setor, em apenas uma semana o governador teve três encontros oficiais com empresários: um na Confederação Nacional do Comércio (CNC) do Rio de Janeiro no dia 14, um jantar no mesmo dia na casa do empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, em São Paulo (onde disse que “dá para fazer muito mais” pelo País do que a presidente Dilma), e no dia seguinte um almoço com empresários paulistas do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). “Ouvimos falar muito dele no Sul e no Sudeste, mas não entendíamos tanta badalação.

Percebemos agora que ele fala a língua da gestão empresarial, junto com um discurso político”, resumiu um varejista “cativado” no encontro.

Além do foco no empresariado a um ano e meio da sucessão presidencial, estratégia que já foi utilizada com sucesso por alguns ocupantes do Palácio do Planalto, como Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Campos também tem aproveitado suas incursões ao Sudeste para contatos políticos.

Um deles foi com o ex-governador tucano José Serra, que mesmo advindo de duas derrotas eleitorais - para a presidente Dilma e para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ambos do PT - é considerado um aliado de peso em qualquer disputa nacional.

JOSÉ SERRA - Eduardo Campos reuniu-se na sexta-feira passada, na capital paulista, com Serra.

No encontro, foi discutido, segundo aliados de ambos, o cenário eleitoral do ano que vem, a economia nacional e o papel da oposição no Brasil.

A reunião não foi informada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Na avaliação de tucanos, o líder do PSB quer aproveitar o descontentamento de Serra com o comando do PSDB para obter o apoio de parcela da sigla em São Paulo.

O PSB faz parte da base aliada de Alckmin e está à frente de 30 prefeituras paulistas, a maior parte delas em composição com o PSDB.

O diagnóstico é de que, caso se lance candidato, o governador de Pernambuco precisará de um palanque no Estado, que poderá ser o de Gilberto Kassab (PSD), candidato ao governo estadual, e aliado de Serra.

Nos últimos meses, o dirigente do PSB tem articulado cada vez mais encontros com empresários e políticos.

No próximo dia 5, por exemplo, falará a prefeitos em Santos, em evento que terá a participação também de Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente.

Apesar da movimentação de Campos, o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, disse, na reunião da Executiva do partido, que o voto no Nordeste é “petista” e “dilmista”, e que Campos terá dificuldade de viabilizar sua candidatura à Presidência.

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