Foto: Clemílson Campos/JC Imagem De passagem pelo Recife, o carioca ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV) analisou o cenário político nacional e avaliou como improvável uma derrota da candidatura à reeleição do PT, encabeçada por Dilma Rousseff.

Gabeira falou ainda sobre seus planos, sobre a candidatura de Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Ao falar sobre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Gabeira avaliou que o socialista mostra que quer, sim, se lançar ao Planalto já em 2014, por se articular para se mostrar na mídia. “É nítido que ele tem mais espaço na mídia que Aécio Neves.

Ele está se projetando, tem boa inserção na imprensa e uma aceitação boa entre empresários”, disse.

E ponderou. “Mas uma campanha nacional precisa de grande inserção na sociedade, uma capilaridade que acredito que ele não tem.

Porque é governador, atua aqui”, afirmou Gabeira.

Leia: Eduardo Campos retribui afagos de José Serra e segue flerte com a oposição Jornalista, o ex-deputado analisou as formas que Eduardo tem conseguido se expor, avaliando que o alcance do socialista ainda é reduzido. “Na televisão Eduardo Campos ainda não tem seu rosto ocupando muito espaço.

Não vemos isso a nível nacional.

Nos jornais sim, mas eles atingem um público mais restrito”, avaliou.

Dilma 2014 Para ele, Dilma Rousseff (PT) deve conseguir a reeleição em 2014.

Possivelmente, já no primeiro turno.

Possibilidade pela qual ele torce contra. “Dificilmente a popularidade dela cai.

Muito difícil Dilma não vencer.” O ex-parlamentar avalia que os candidatos terão dificuldades até mesmo para emplacar um segundo turno.

Mas o candidato que enfrentar Dilma num segundo turno terá, ainda que reduzidas, chances de vencer.

E sairá fortalecido para 2018. “Quem chegar ao segundo turno, se não ganhar, tem o caminho traçado para 2018.

Mas não aposto em ninguém.

Por enquanto torço para que tenhamos um segundo turno, pelo menos”.

Os motivos são muitos.

Para Gabeira, da publicidade institucional à suposta falta de escrúpulos do PT dão vantagem à candidatura de Dilma. “O candidato do governo tem vantagens.

Ele acumula patrocínios, tem exposição com a publicidade governamental.

Então ele já chega na pré-campanha com vantagem. (…) O governo tem muito dinheiro e pouco escrúpulo (…).

O que está em jogo, para eles, não é a sustentabilidade do governo, mas a sustentabilidade no governo.” As críticas ao PT foram recorrentes.

Principalmente no campo ideológico. “A ideologia morreu dentro do próprio PT.

A reforma ministerial é a representação do modelo fisiológico de governo. (…) Lula virou despachante de empreiteiras.

Dirceu está trabalhando para o Cavendish”, reclamou. “Todos aderiram o capitalismo de ‘bolso’ e alma”, alfinetou, entre risos.

Gabeira também criticou a falta de política externa do País.

Para ele, o que temos hoje é a política externa do PT.

E não poupou os possíveis adversários de Dilma da crítica. “Os outros nomes não são um contraponto, mas uma variação melódica. ‘Vamos melhorar aqui, vamos melhorar alí’.

Não há um rompimento”.

Leia: Com folga, Dilma lidera pesquisa Datafolha com 58% ECONOMIA - Como têm mostrado os números, o minúsculo crescimento de 0,9% do PIB brasileiro em 2012 não afetou a popularidade de Dilma.

E os adversários têm poucas chances de obter sucesso investindo no ponto. “O PIB é uma construção teórica, não se reflete diretamente no público”.

O carioca avalia que o dínamo do estímulo ao consumo já não tem mais gás.

E pede que se busquem outros meios de alavancar a economia.

E lembra das necessidades de enxugar a máquina, investir em infraestrutura e educação, pensando também a longo prazo.

Marina Silva e o PV Gabeira não se furtou a se posicionar quanto suas preferências para o alinhamento do PV em 2014.

Apesar do rompimento pós-eleitoral com Marina Silva, que em 2010 conseguiu 20% dos votos se candidatando pelo PV, Gabeira acredita que os problemas entre os grupos são demasiado pequenos se comparados aos benefícios da aliança.

E até cogitou uma volta de Marina para o Partido Verde. “Acho que o nosso campo [da militância socioambiental] é reduzido.

Então sou favorável a um entendimento com a Rede e, estruturados, um entendimento maior com a oposição.

Defendo que em 2014 o PV esteja nesse campo.

Precisamos lutar por uma bancada federal mais ampla, então vamos avaliar como faremos isso.

Mas a proximidade é maior com Marina”, disse, negando que as rusgas de 2010 sejam sem volta. “(…) Se a rede não vingar, ela pode se lançar por um outro partido.

E seria bem vinda no PV”, palpitou.

O carioca também elogiou o formato do partido Rede.

De acordo com ele, na fundação do PV já se avaliava que o atual modelo partidário está esgotado.

Sem mandato parlamentar e afastado do ativismo político, Fernando Gabeira voltará a exercer sua profissão.

Ele tem contrato de dois anos com a Bandeirantes. “Meu espaço é teórico, de debate.

Vou viajar, sim.

Fazer palestras.

Mas não é muito da natureza da nossa profissão se engajar em campanha”, afirmou, mostrando motivação. “Quero voltar a me dedicar ao jornalismo”.

Ele acredita que nesta condição possa dar uma maior contribuição ao País.

No Congresso Nacional se está distante da comunicação direta com a população, da formação de opinião.

E pouco se consegue fazer lá efetivamente pela população. “Você é um contra de centenas. É difícil”.

Ele avalia que o nível de conscientização do brasileiro tem avançado, mas isso ainda não se reflete nas instituições. “Precisamos nos fazer três questionamentos.

Quem somos?

Onde estamos?

Para onde vamos?”, convida.

Na última passagem por Pernambuco, em fevereiro, Fernando Gabeira registrou os preparativos de Olinda para o Carnaval.