Foto: Guga Matos/JC Imagem Por João Carvalho, do Jornal do Commercio Esse encontro foi muito marcante.
Marcone José Francisco resistiu, amarrado num botijão de gás.
No telhado da casa que construiu numa área do Governo de Pernambuco, ocupada há vários anos.
No dia seguinte fomos conversar com ele.
O desespero e a raiva do dia anterior foi convertida em tristeza, silêncio.
Não teve forças nem para tirar os móveis das filhas, uma de 1 mês e outra de 8 anos.
Durante a nossa conversa, Marcone chorou.
Assim como eu, pela primeira vez, numa cobertura jornalística.
Vimos nos olhos dele (eu e o repórter fotográfico Guga Matos, que registrou essa foto) essa tristeza sem fim.
Um problema que atinge todo o Brasil, a falta de moradia.
Foi assim em Porto de Galinhas, foi assim na Vila Oliveira, em Boa Viagem.
Vai continuar assim, se os responsáveis por esse problema social não fizeram nada.
Aconteceu de novo, hoje, na comunidade Caranguejo Tabaiares, na região central do Recife.
Vários barracos destruídos.
Famílias que levantaram “casas” improvisadas, porque não possuem emprego.
Se viram como podem.
Eles disseram que foram esquecidos ali, sem ajuda.
Mesmo com toda essa tristeza, num silêncio ensurdecedor que atingiu a Vila do Campo, um dia depois da retirada das famílias e destruição de 156 casas, Marcone, vendedor de açaí na praia de Porto de Galinhas, pai de duas meninas e marido de uma dona de casa, encerrou nossa conversa com um abraço, lágrimas nos olhos, mas esperançoso. “A gente tem que mostrar que somos dignos de uma moradia”.
Naquela noite eu dormi na minha casa, na minha cama.
Mas não sei como e onde Marcone conseguiu dormir com a família.